“As empresas foram clientes de boa-fé e confiaram no currículo e capacidade profissional dessas empresas de auditoria e serão as primeiras interessadas no cabal esclarecimento de eventuais irregularidades e não deixarão de se constituir assistentes, se tais processos existirem, para zelar pela defesa dos seus direitos face a supostas práticas irregulares das ditas auditoras”, lê-se no comunicado hoje divulgado pelos advogados de Isabel dos Santos.
Ainda segundo os advogados, o relatório da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) divulgado na quarta-feira não se refere a práticas ilegais das empresas de Isabel dos Santos, mas “eventuais irregularidades e ilegalidades praticadas pelas próprias empresas de auditoria”.
A CMVM divulgou na quarta-feira os destaques na atividade de supervisão a auditores no ciclo 2019/2020, segundo o qual instaurou 10 ações de supervisão a nove auditores (envolvendo 27 entidades auditadas e 84 dossiês de auditoria), no seguimento das notícias veiculadas pelos 'Luanda Leaks' (que envolvem alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos).
De acordo com o documento, as ações de supervisão "tiveram como objetivo avaliar se os auditores cumpriram com todos os seus deveres" no que se refere "à prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo" e "à conformidade do trabalho realizado com as normas profissionais e disposições legais e regulamentares aplicáveis no que diz respeito a saldos e transações com partes relacionadas".
No comunicado hoje divulgado, os advogados da empresária Isabel dos Santos referem que o relatório da CMVM faz a avaliação das empresas de auditoria (ROC), considerando que “as empresas da engenheira Isabel dos Santos, enquanto clientes, nada têm que ver com eventuais irregularidades que empresas de auditoria possam ter no seu funcionamento e que possam constar deste relatório”.
“As auditoras são entidades independentes e obrigadas ao cumprimento escrupuloso da lei nos trabalhos que executam, pelo que a possível existência de irregularidades nos trabalhos que executam merecem, naturalmente, a preocupação dos seus clientes pelo receio de terem sido prejudicados com tais eventuais práticas irregulares”, referem.
Em janeiro deste ano, a presidente da CMVM tinha dito a jornalistas que o regulador dos mercados financeiros tinha iniciado "ações de supervisão concretas" no âmbito do dossiê denominado 'Luanda Leaks', que detalhou esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos, considerando a informação divulgada pelo Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) "de enorme relevo para a CMVM".
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