“Vivemos juntos num só continente. A Rússia ameaça a nossa segurança também hoje. A Rússia atacou a Ucrânia e pode estar aqui amanhã e depois de amanhã”, afirmou Macron, num discurso perante uma plateia de jovens, na cidade alemã de Dresden.
O responsável defendeu um “novo conceito de segurança comum”, uma base na qual serão decididas capacidades, meios, projetos necessários. “Os projetos tecnológicos que devemos desenvolver enquanto europeus”, disse.
No plano comercial, a Europa deve também “sair da ingenuidade” e “proteger-se melhor”, construindo “uma preferência europeia”, defendeu Macron, que argumentou sobre a necessidade de duplicar o orçamento comunitário.
“A Europa é o último lugar onde estamos abertos ao resto do mundo sem preferência europeia e sem regras”, lamentou o chefe de Estado francês, num país avesso a regras protecionistas.
“O orçamento europeu deve ser duplicado, quer através de estratégias de investimento, quer através de dívida conjunta. Precisamos do dobro do investimento na Europa”, defendeu, apelando à criação de um mercado de capitais comum para atrair mais financiamento privado.
À extrema-direita, o líder francês chamou “vento maléfico” que está a “soprar por toda a Europa” e instou os cidadãos a defender a democracia quando faltam menos de duas semanas para as eleições europeias.
“Olhemos à nossa volta para o fascínio pelos regimes autoritários, olhemos à nossa volta para o momento iliberal que estamos a viver”, alertou Macron, acrescentando ainda: “a extrema-direita, este vento maléfico, está a soprar na Europa, é uma realidade, por isso vamos acordar”.
Apelou ainda à “construção de um novo paradigma de crescimento para as gerações futuras”, um modelo “que assuma plenamente o investimento sólido no clima e a descarbonização das economias” europeias.
Antes de discursar perante milhares de jovens, junto à Frauenkirche, um edifício destruído em fevereiro de 1945 pelos bombardeamentos americano-britânicos e que foi reconstruído após a reunificação alemã em 1990, o Presidente francês almoçou com jovens franco-alemães nos jardins do castelo de Moritzburg, perto da capital da Saxónia.
Trata-se da primeira visita de um chefe de Estado francês à Alemanha de Leste desde François Mitterrand em 1989.
A cidade de Dresden é emblemática do renascimento económico desta parte da antiga Alemanha de Leste, agora conhecida pelo nome lisonjeador de “Silicon Saxony”.
Na terça-feira, Macron deverá receber o Prémio Internacional da Paz de Westphalia, em Münster (oeste), pelo seu “compromisso europeu”, antes de se encontrar com o chanceler Olaf Scholz em Meseberg, perto de Berlim, para um Conselho de Ministros franco-alemão.
Os dois políticos tentarão, uma vez mais, ultrapassar as suas divergências sobre o apoio à Ucrânia e o futuro da Europa e reforçar a parceria franco-alemã, que continua a ser a força motriz da União Europeia.
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