“Como o património não é uma competência europeia, o presidente tomou a iniciativa de escrever aos seus homólogos para lhes propor a criação de um mecanismo de cooperação para o património europeu em perigo, com o objetivo de prestação de assistência, partilha de competências e de ‘know-how'”, afirmou a secretária de estado francesa dos Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, numa entrevista ao Journal du Dimanche, citada pela Agência France Presse.

Na segunda-feira à tarde deflagrou um incêndio na catedral Norte-Dame de Paris, que demorou cerca de 15 horas a ser extinto e destruiu o pináculo e uma grande parte do telhado do emblemático edifício. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse na terça-feira que a catedral, o monumento mais visitado da Europa, estará reconstruída em cinco anos.

Afirmando que “quando há um grande incêndio na Europa, um mecanismo de solidariedade pode permitir emprestar ‘canadairs’ entre países da União Europeia”, a secretária de Estado francesa dos Assuntos Europeus defendeu que, “para o património, pode imaginar-se uma rede de especialistas disponibilizada de acordo com as necessidades”.

“Convidamos os nossos homólogos europeus, ministros da Cultura e dos Assuntos Europeus, a reunirem-se em França em 03 de maio. Além das nossas competências e recursos, se pudermos também beneficiar do apoio e da experiência dos nossos vizinhos para reconstruir Notre-Dame, vamos aproveitar essa oportunidade”, referiu ainda a secretária de Estado.

Entretanto, o ministro da Cultura francês anunciou no sábado à noite que a catedral Notre-Dame está “quase salva”, excetuando alguns “pontos sensíveis” na abóboda.

“Notre-Dame hoje está quase salva, já que todos os pontos sensíveis que se mantiveram — o frontão norte, o frontão ocidental, entre os dois campanários da fachada, o campanário sul -, todos estes pontos foram protegidos, estabilizados, e isso é uma notícia formidável”, afirmou Franck Riester, citado pela Agência France Presse, durante um concerto de homenagem ao monumento.

Segundo o ministro, “ainda há alguns pontos sensíveis na abóboda e, por isso, as equipas do Ministério da Cultura, das empresas, estão a trabalhar para remover os escombros que ainda estão na abóboda. E, a partir daí, poderemos dizer que a Notre-Dame de Paris está salva”, acrescentou.

Desde o incêndio de segunda-feira, as contribuições para a reconstrução da catedral excederam os 800 milhões de euros, de anónimos ao Banco Central Europeu, passando por empresas como Apple e a Total, o Comité Olímpico Internacional ou as famílias Pinault e Arnault, entre muitos outros.