Num vídeo divulgado nas redes sociais, a chefe do executivo italiano revelou que a investigação incide sobre uma suposta ajuda a Ossama Anjiem, também conhecido como Ossama al-Masri.
Giorgia Meloni adiantou que os ministros da Justiça, Carlo Nordio, e do Interior, Matteo Piantedosi, bem como um chefe de gabinete dos serviços secretos, Alfredo Mantovano, também são alvos da investigação.
O Governo de Meloni (direita e extrema-direita) tem sido criticado pela oposição, grupos de direitos humanos e pelo próprio TPI por libertar Al-Masri por uma questão técnica três dias depois de o general líbio ter sido detido, a 19 de janeiro, na cidade de Turim (norte de Itália), ao abrigo de um mandado de captura emitido pela instância judicial internacional, com sede em Haia.
No passado dia 22 de janeiro, os deputados da oposição italiana e os grupos de defesa dos direitos humanos manifestaram indignação após Itália ter libertado Ossama al-Masri, caracterizado como um “senhor da guerra” líbio, com base num pormenor técnico aproveitado pelos advogados que permitiu a libertação e o repatriamento.
Al-Masri foi detido em Turim um dia depois de o TPI ter emitido um mandado de captura internacional sob as acusações de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade.
No mesmo dia da detenção, o ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, foi questionado no Senado (câmara alta do parlamento) sobre a libertação do líbio durante uma audiência previamente agendada, mas o governante não respondeu a vários pedidos de pormenores sobre a libertação e mesmo a solicitações para que reafirmasse o compromisso da Itália em defender a justiça internacional.
Al-Masri dirige a secção de Tripoli da Instituição de Reforma e Reabilitação, uma notória rede de centros de detenção gerida pela Força de Defesa Especial apoiada pelo governo.
O mandado do TPI, datado de 18 de janeiro e referenciado nos documentos do tribunal italiano, acusa-o de crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos na prisão de Mitiga, na Líbia, a partir de 2011, puníveis com prisão perpétua.
O tribunal de recurso de Roma ordenou a 21 de janeiro a libertação e o regresso à Líbia de Al-Masri a bordo de um avião dos serviços secretos italianos, devido ao que o tribunal de recurso considerou ser um erro processual na sua detenção.
Segundo o acórdão, Nordio deveria ter sido informado com antecedência da detenção, uma vez que o Ministério da Justiça é responsável por todas as relações com o Tribunal de Haia.
Al-Masri regressou a Tripoli e foi recebido no aeroporto de Mitiga por apoiantes que celebraram a sua libertação, segundo a imprensa local.
Os vice-primeiros-ministros italianos Antonio Tajani e Matteo Salvini criticaram já a abertura da investigação a Meloni.
Tajani disse que parece existir “um rancor” por parte do sistema de justiça em Itália aos planos do governo de reformar o setor, enquanto Salvini disse que se trata de uma “vergonha”, destacando a necessidade de prosseguir com os planos de separar as carreiras de juízes e promotores, uma medida que os magistrados dizem que abre caminho para o controlo executivo sobre o judiciário.
“Estou do lado de Giorgia Meloni, Matteo Piantedosi, Carlo Nordio. Defendo a separação de poderes e condeno escolhas que soem como uma represália pela reforma da justiça”, escreveu Tajani, líder do partido de centro-direita pós-Berlusconi Forza Italia (FI) e também ministro dos Negócios Estrangeiros, na rede social X.
“Vergonha, vergonha, vergonha. O mesmo promotor que me acusou em Palermo [de sequestrar migrantes] está agora a tentar novamente em Roma com o governo de centro-direita. Reforma da justiça, imediatamente!”, concluiu Tajani.
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