“Haverá esta reunião [do Conselho Europeu em dezembro], mas não posso prever o que fazemos, qual será o resultado. Posso trabalhar arduamente para tentar obter um resultado positivo e esse é o meu propósito e a minha convicção pessoal, de que precisamos de um resultado positivo", disse Charles Michel, falando à chegada à capital ucraniana, Kiev, falando com uma comitiva de jornalistas europeus, incluindo a agência Lusa.
Ressalvou que "esta reunião não é o fim do processo [pois] discutiremos muitas vezes no futuro como apoiamos a Ucrânia, como apoiamos os outros países candidatos, como reforçamos a defesa europeia, como construímos mais resiliência europeia”,
“Esta visão, de que o Conselho Europeu é preto ou branco, não pode ser nada nem tudo, muitas vezes é mais complexo do que isso”, acrescentou o presidente do Conselho Europeu.
Referindo-se à cimeira europeia de dezembro, ocasião na qual os líderes da UE vão discutir o início das negociações formais com a Ucrânia, Charles Michel disse “não subestimar as dificuldades políticas desta reunião” dado que “existem muitos temas difíceis ao mesmo tempo”, sendo eles, além do alargamento, a revisão do orçamento europeu a longo prazo, o novo pacto migratório e a reforma das regras orçamentais.
“Significa que nos próximos dias, nas próximas semanas, vamos continuar a tentar construir uma posição unida no Conselho Europeu, como fizemos no passado, […] mas isto é desafiante porque são temas importantes em cima da mesa”, salientou, nesta conversa com a comitiva de jornalistas que o acompanha, incluindo a Lusa.
A poucos minutos de se encontrar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Charles Michel garantiu ainda assim que a disponibilidade europeia relativamente à Ucrânia não é menor do que aquando do início da guerra.
“Os líderes europeus são extremamente sérios e estão convencidos de que precisamos de tomar a decisão certa porque o que está em causa é a nossa segurança, a nossa estabilidade, a nossa prosperidade nas próximas décadas”, realçou.
Numa altura em que a UE já atribuiu 82 mil milhões à Ucrânia e em que surgem críticas sobre alegados dois pesos e duas medidas, Charles Michel adiantou: “O maior erro que faríamos, que faria para os nossos filhos e netos, seria cair nesta armadilha”.
A visita de Charles Michel surge a três semanas de os líderes da UE decidirem sobre o início das negociações formais para a adesão da Ucrânia à UE, depois de a Comissão Europeia ter recomendado, em meados deste mês, que o Conselho avance dados os esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos, embora impondo condições como o combate à corrupção.
Na altura, o executivo comunitário vincou que a Ucrânia tem de fazer progressos, que serão avaliados num relatório a publicar em março de 2024.
A decisão cabe agora ao Conselho da UE, na formação de Assuntos Gerais, e deverá ser tomada no dia 12 de dezembro, mas o aval final será dado pelos chefes de Governo e de Estado da União, que se reúnem em cimeira europeia poucos dias depois, a 14 e 15 de dezembro, em Bruxelas.
Perante desacordos entre os ministros europeus, a última palavra é dos líderes da UE, adiantou fonte europeia à Lusa.
A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato em meados de 2022.
O alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à UE, depois de preencherem requisitos ao nível político e económico.
*Por Ana Matos Neves, enviada da Agência Lusa
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