“Não digo nem que sim, nem que não”, afirmou o ministro durante uma reunião da comissão de Defesa, no parlamento, pedida pelo CDS-PP, centrada nas alegadas discrepâncias dentro do Governo e no Exército sobre o material furtado em junho de 2017 e o que foi recuperado em outubro desse ano, na Chamusca.
“Continuo sem ter a certeza sobre se falta material ou se é uma falha de inventário. Não digo nem que não, porque não tenho elementos para validar qualquer das teses. E aguardo tranquilamente que o Ministério Público diga de sua justiça”, afirmou Azeredo Lopes em resposta a uma pergunta do deputado do BE João Vasconcelos.
Antes, respondendo ao deputado do CDS-PP João Rebelo, o ministro insistiu que foi mais categórico nas afirmações que fez, sobre a recuperação do material, em outubro, por se basear num comunicado, na altura, da Polícia Judiciária Militar.
As “declarações foram feitas de boa fé”, em outubro de 2017, e partiram do “comunicado da Polícia Judiciária Militar”, disse.
Numa audição parlamentar em 31 de julho, o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, disse que este ramo “nunca deu garantias de que o material encontrado correspondia ao material furtado”.
Tanto o ministro da Defesa, como o primeiro-ministro, António Costa, se congratularam com a recuperação do armamento, em outubro.
Hoje, o ministro recusou a ideia de contradições entre os responsáveis do Governo e o chefe do Exército, alegando que a investigação foi feita pela Polícia Judiciária Militar e não pelo Exército.
O material furtado e depois recuperado ficou apenas à guarda deste ramo das Forças Armadas, assim se podendo explicar o seu desconhecimento, estando em segredo de justiça as perícias feitas durante a investigação, acrescentou.
Azeredo Lopes sublinhou que quem conduziu a investigação às armas desaparecidas foi a Polícia Judiciária Militar, logo não cabia ao Chefe de Estado Maior do Exército saber se as armas encontradas correspondem às que foram furtadas nos paióis de Tancos.
Tentando contrariar receios quanto aos riscos de segurança nacional colocados pelo material militar ainda não recuperado, depois de o Expresso ter dado essa notícia, o ministro recordou as afirmações das secretárias-gerais do Sistema de Informações da República e da Segurança Interna de que não foi necessário “aumentar o nível de segurança” no país.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e grande quantidade de munições.
Em 18 de outubro passado, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção das munições de 9 milímetros.
Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.
Citando partes do inquérito do MP relativos à investigação judicial ao furto de Tancos, o jornal Expresso referia, em 14 de julho, que, além das munições de 9 milímetros, há mais material em falta entre o que foi recuperado na Chamusca, como granadas de gás lacrimogéneo, uma granada de mão ofensiva e cargas lineares de corte.
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