As declarações de Augusto Santos Silva surgem na sequência das polémicas afirmações do presidente do Eurogrupo que acusou os países do sul de gastarem o dinheiro em álcool e mulheres e depois pedirem ajuda financeira.

Numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, Jeroen Dijsselbloem afirmou: "Como social-democrata, considero a solidariedade um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".

Esta frase fez espoletar a polémica um pouco por toda a Europa. Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros pediu o afastamento do presidente do Eurogrupo por considerar as declarações “muito infelizes e, do ponto de vista português, absolutamente inaceitáveis".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subscreveu a posição do Executivo e António Costa não poupou nas palavras: "Numa Europa a sério, o senhor Dijsselbloem já estava demitido”, disse.

Apesar da pressão, Dijsselbloem garantiu que não tem qualquer intenção de se demitir.

Na entrevista agora dada à TSF e ao Diário de Notícias, Augusto Santos Silva, confrontado com o facto de que o Presidente do Eurogrupo não pretende abandonar o cargo, disse que “Portugal não apoiará qualquer sugestão que seja no sentido de prolongar o mandato do sr. Dijsselbloem. (…) Para nós, o ministro Dijsselbloem não tem nenhumas condições para permanecer à frente do Eurogrupo”.

Questionado sobre a relação de Portugal com o Eurogrupo liderado por Dijsselbloem, Santos Silva disse que “Portugal é um participante ativo, empenhado nos trabalhos do Eurogrupo”, mas que “com o sr. Dijsselbloem a conversa não é possível, porque esta não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que Dijsselbloem se permitiu tecer publicamente considerações que são inaceitáveis”, acrescentou.

Ainda que o atual Presidente do Eurogrupo se mantenha no cargo, uma coisa é certa, diz Santos Silva: “o que é claro é que não tem o apoio de Portugal. Isso é que é claro”.

O Eurogrupo é um órgão informal em que os ministros dos Estados-Membros da Zona Euro debatem os assuntos respeitantes à moeda única. O Eurogrupo reúne-se habitualmente uma vez por mês, na véspera da reunião do Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin). O Presidente do Eurogrupo é eleito pelos membros do Eurogrupo por um mandato de dois anos e meio, por maioria simples.

Dijsselbloem é presidente do Eurogrupo deste 21 de janeiro de 2013, tendo o seu mandato sido renovado em julho de 2015. O atual mandato termina em janeiro de 2018.

(Notícia corrigida às 14h32: alteração no lead, Dijsselbloem é presidente do Eurogrupo)