Os dois ministros, que falavam hoje em conferência de imprensa, após um encontro no Palácio das Necessidades, adiantaram que o eventual prolongamento das sanções impostas à Rússia após a anexação da Crimeia, em 2014, será analisado na cimeira do Conselho Europeu da próxima semana, mas admitiram não haver consenso na União Europeia para a aplicação de novas sanções.
Heiko Maas afirmou que a Alemanha "considera aceitar" o prolongamento das sanções atuais, mas disse "não ver que na União Europeia haja consenso para novas sanções".
"Nesta altura considero errado falar em novas sanções porque estão a ser desenvolvidos vários esforços para reduzir tensão", disse Maas, que na quinta-feira esteve reunido com os homólogos da Rússia e da Ucrânia.
Adiantou que, na próxima semana, continuarão as conversações no mesmo sentido,
"Vamos dar o nosso contributo, mas ao fim e ao cabo são as duas partes envolvidas que têm de consegui-lo. Do ponto de vista da Alemanha não haverá proposta para haver novas sanções", disse.
Maas considerou que a manutenção das conversações "é um bom sinal", mas que na reunião de quinta-feira não se chegou a nenhuma conclusão, considerando que é preciso que sejam libertados os marinheiros e que haja a monitorização da Cruz Vermelha ou da OSCE da abertura do estreito de Kersh.
"São temáticas que estão na agenda, mas que na reunião de ontem (quinta-feira) não foram bem recebidas pelo lado russo. Queremos continuar a apostar na redução da tensão e apelamos às duas partes para continuarem a fazer esforços nesse sentido", sublinhou.
"Acompanhamos a decisão dos europeus de imposição de sanções à Federação Russa [na sequência da anexação da Crimeia] que têm sido sucessivamente prorrogadas", disse, por seu lado, Augusto Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa considerou necessário "analisar com cuidado aos diferentes níveis [diplomáticos, dos ministros dos negócios estrangeiros, dos chefes de Estado e do Governo] a evolução da situação no mar de Azov para saber se são necessárias outras medidas".
A Rússia apreendeu, a 25 de novembro, três navios de guerra ucranianos que tentavam passar do Mar Negro para o de Azov, capturando 24 elementos das tripulações.
Trata-se do primeiro confronto militar aberto entre Moscovo e Kiev depois da anexação pela Rússia, em 2014, da península ucraniana da Crimeia, e do início do conflito armado no leste da Ucrânia entre as forças governamentais e os separatistas pró-russos.
Kiev e os seus aliados no Ocidente acusam a Rússia de instigar o conflito, que já causou mais de 10 mil mortos, e de apoiar militarmente os separatistas, o que Moscovo rejeita.
A Ucrânia reclama novas ações contra a Rússia na sequência desta nova escalada de tensão.
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