O objetivo deste processo é “apoiar as partes sudanesas para alcançar um acordo sobre uma saída da atual crise política e sobre um rumo sustentável até à democracia e à paz”, indicou a Missão Integrada de Assistência para a Transição no Sudão (UNITAMS), em comunicado.
A decisão foi tomada após a consulta dos interessados no Sudão e na comunidade internacional, adianta a nota.
O Sudão vive uma grave crise política desde que em 25 de outubro os militares deram um golpe de Estado e afastaram uma aliança de partidos políticos e associações civis com as quais haviam acordado um roteiro para eleições democráticas dos órgãos de poder que compartilhavam.
A fação principal dessa aliança manifestou-se, entretanto, nas ruas em rejeição ao golpe e pediu um governo exclusivamente civil em muitas jornadas de luta, que se saldaram por 60 mortes e centenas de feridos às mãos das forças de segurança, segundo o oposicionista Comité de Médicos do Sudão.
O primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, que contava com o apoio da aliança civil, foi reposto um mês depois de alcançar um acordo com os militares, mas este foi rejeitado pelos seus antigos apoiantes e acabou por renunciar a 02 de janeiro ao não conseguir pôr de acordo civis e militares para a formação de um novo governo.
“É hora de acabar com a violência e começar um processo construtivo”, defende a UNITAMS, precisando que este diálogo, que intermediará, será “inclusivo”.
Estão convidados a participar no diálogo, segundo a mesma fonte, “todos os atores chave civis e militares, incluindo os movimentos armados (que firmaram no ano passado um acordo de paz com o Governo de transição), a sociedade civil, os grupos de mulheres e os comités de resistência”, responsáveis por convocar as manifestações contra os militares.
Este anúncio acontece um dia depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, conversar por telefone com o líder militar do Sudão, Abdelfatah al Burhah, segundo um comunicado do órgão máximo de poder do Sudão, o Conselho Soberano, presidido por este.
Guterres e Al Burhan, que se propõe formar um governo de tecnocratas sem a participação dos seus antigos aliados civis, coincidiram na “necessidade de completar as estruturas e instituições do período de transição e acelerar a formação de um governo civil”, de acordo com a nota.
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