“Olhando para os últimos desenvolvimentos no terreno, a nossa preocupação mais instante diz respeito à Moldávia, visto que é claro que, no plano de desenvolvimento da agressão militar da Rússia, a Rússia está a procurar criar um corredor através do sul da Ucrânia, que vem do Donbass e que poderia chegar à fronteira com a Moldávia”, declarou.
Santos Silva, que falava à imprensa depois de participar numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO – e antes de participar num novo encontro de chefes de diplomacia da UE -, afirmou que “claro que a preocupação ‘número um’ é com a própria Ucrânia, a agressão e a destruição a que está a ser sujeita”, mas a Moldávia é “a preocupação mais instante no que diz respeito a efeitos sobre outros países”.
“No que diz respeito a efeitos sobre outros países, olhando para o mapa das operações russa, é fácil de ver que, neste momento, é preciso olhar com cuidado também para eventuais consequências no que diz respeito à integridade da Moldávia”, reforçou.
Santos Silva fez questão todavia de ressalvar - pois “é preciso ser cuidadoso com as palavras nestas circunstâncias” – que estava a falar de uma “preocupação”, e não “a dizer que isso venha a ocorrer”, até porque todos esperam “que não ocorra”.
Pouco antes, na conferência de imprensa após a reunião do Conselho do Atlântico Norte, o secretário-geral da NATO disse temer que “os dias vindouros sejam piores” na Ucrânia, devido à guerra causada pela invasão russa, e que a Rússia avance para outros países da Aliança, tendo apontado a Geórgia ou a Bósnia-Herzegovina.
“A ambição do Kremlin [Presidência russa] é recriar uma esfera de influência e negar a outros países o direito de escolherem o seu próprio caminho e, por isso, os ministros [da NATO] discutiram a necessidade de apoiar os parceiros que possam estar em risco, incluindo a Geórgia e a Bósnia-Herzegovina”, referiu Jens Stoltenberg.
Segundo o responsável norueguês, “é provável que os dias vindouros sejam piores, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, à medida que as Forças Armadas russas trazem armamento mais pesado e continuam os seus ataques por todo o país”.
O responsável falava em conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após uma reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte, o principal organismo de decisão política da organização e no qual cada país membro tem assento ao nível dos chefes de diplomacia.
À tarde, Stoltenberg participa naquele que é o quinto Conselho extraordinário de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE no espaço de pouco mais de uma semana, em formato alargado.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados na Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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