Faltam menos de 10 dias para as legislativas da Madeira, de 26 de maio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional PSD/CDS-PP, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições entre 1976 e 2015. Nos dois últimos mandatos, também o CDS integrou o executivo.

Num lugar onde o PSD reina há quase cinco décadas a simples promessa do cabeça de lista do PS às eleições regionais da Madeira, Paulo Cafôfo, é bastante difícil. Defendeu hoje o “voto útil” na sua candidatura, afirmando que é quem pode fazer “virar a página” de 48 anos de governação do PSD.

“Só o voto no PS vai permitir o virar de página, só o voto do PS vai permitir a mudança na região. Está claro para todos, não há qualquer ilusão, de que votar no Chega, no CDS, na Iniciativa Liberal ou no PAN é votar no PSD, é votar em Miguel Albuquerque, isto está à vista de todos”, afirmou Paulo Cafôfo, num comício do PS/Madeira, na praça junto à Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal.

Contando com a presença do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o comício juntou cerca de duas centenas de apoiantes e militantes do partido, levantando bandeiras brancas e vermelhas do PS e também da Região Autónoma da Madeira, bem como sobras das gerberas distribuídas na ação de campanha realizada esta manhã.

“É preciso que as pessoas percebam que, se não querem o PSD, se não querem o PSD a governar na Madeira, não podem votar nesses partidos, porque votar nesses partidos é continuar tudo na mesma. A diferença quem vai fazer somos nós, é o Partido Socialista, com um voto que vai significar o virar de página na nossa região”, afirmou, referindo haver já um entendimento pré-eleitoral entre PSD, CDS e Chega.

O secretário-geral do PS deu uma ajuda à narratova e disse que “não é normal” a Madeira ser a região mais pobre do país e responsabilizou o atual presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, acrescentando que o presidente do PSD “tem vergonha” do candidato.

“A Madeira é a região mais pobre do país e aqui também não podem culpar os socialistas, a responsabilidade é mesmo do PSD. A responsabilidade é mesmo de Miguel Albuquerque e ele sabe que é. Ele sabe que a responsabilidade por nós termos na Madeira a região mais pobre do país é dele. Ele tanto sabe que tenta normalizar”, afirmou Pedro Nuno Santos.

Também o cabeça de lista do MPT -Partido da Terra, Válter Rodrigues,  alinha pelo mesmo diapasão e acusou o Governo Regional (PSD/CDS-PP) de deixar os residentes dos bairros sociais fora do centro do Funchal “desamparados”.

Já o Livre tem ambições de acordo com a sua dimensão e espera conseguir representação parlamentar nas regionais da Madeira de 26 de maio e quer contribuir para uma mudança “de progresso e de ecologia” na região autónoma, afirmou o porta-voz do partido Rui Tavares.

Mas, as suas motivações não são diferentes das do PS. O também deputado na Assembleia da República realçou ainda que a Madeira vive há 48 anos num “regime que é praticamente de partido único” (o PSD), reforçando que “faz com que seja muito necessário uma mudança no sentido de progresso, democracia, mais transparência, mais responsabilização”.

A mensagem do Chega, porém, é só uma. Miguel Castro, o cabeça de lista do Chega às eleições antecipadas da Madeira,  reafirmou que não fará qualquer acordo com o PSD nem com o PS, sublinhando que o objetivo do partido é apenas defender o interesse dos madeirenses.

Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco, o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
*Com Lusa