Sete meses depois de os primeiros casos obrigarem os concelhos de Felgueiras e Lousada a receber medidas especiais para fazer face à pandemia, o governo decretou novas medidas restritivas para combater o ressurgimento de casos no agrupamento de centros de saúde que inclui aqueles concelhos e o de Paços de Ferreira.

Cerca de uma hora depois de o Conselho de Ministros decidir novas medidas para os três concelhos, saía do Porto em direção a Felgueiras. Lá, encontrei-me com Nuno Fonseca, o presidente da câmara, com quem tinha falado em março, numa altura em que tudo era novo.

Esta sexta-feira foi o primeiro dia da nova fase nestes três concelhos, agora "semi" confinados. Mesmo assim, no dia em que a cidade de Paços de Ferreira acordou com medidas mais restritivas de combate à pandemia da covid-19, foi às autoridades que coube a missão de garantir que os convidados de um casamento, já agendado, não criavam "aglomerados" no exterior da igreja.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 2.276 pessoas dos 112.440 casos de infeção confirmados, segundo o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, divulgado no dia em que o parlamento aprovou a obrigatoriedade do uso de máscaras no espaço público (sempre que a distância de segurança não possa ser respeitada).

A reportagem que o SAPO24 publicou logo na manhã desta sexta-feira tenta fazer um retrato de um território estigmatizado pela doença. Naqueles três municípios, muito industrializados, o turismo e o comércio são as pontas mais visíveis dos impactes económicos de meses sucessivos de medos, avanços e recuos. Em Felgueiras, o José contou-me como o fim das viagens de empresários estrangeiros às fábricas do concelho esvaziou a meia dúzia de quartos do seu pitoresco alojamento local, bem no centro da cidade.

Já em Lousada, o Jorge e o Luís falaram do conhecimento geral dos casamentos e batizados que se continuam a realizar.

Em Paços de Ferreira, o João, desolado, explicou como a matemática para manter o restaurante a funcionar é cada vez mais difícil.

Estas são só apenas algumas, poucas, histórias, das muitas que lá se podem contar, das muitas que país fora ficam por contar quando se olha para o impacto de uma pandemia que mata e deixa sequelas nas pessoas, mas também estrangula os modelos de negócios em que assentava o funcionamento do país.

Importa, por isso, compreender o que está a correr mal nesta fase — e fazer tudo o que cada um de nós pode fazer para, uma vez mais, aplanar a curva e regressar rapidamente à normalidade mais próxima do normal que for possível.

É que com os recordes de novos casos e novos óbitos a serem ultrapassados — e um número crescente de internamentos a colocar o SNS sob maior pressão do que nunca —, todo o tempo e esforço que separam março de outubro parecem cada vez mais ter sido em vão.

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