O antigo embaixador dos Estados Unidos em Portugal (1975-1978) e ex-secretário da Defesa, Frank Carlucci, morreu no domingo na sua casa em McLean, no Estado da Virginia, aos 87 anos.

Os votos de pesar do PSD e do CDS-PP foram aprovados da mesma forma: com os votos contra de BE, PCP e PEV, os votos a favor de PS, PSD e CDS-PP, a abstenção do PAN e de oito deputados socialistas (João Galamba, Paulo Trigo Pereira, Jorge Gomes, Alexandre Quintanilha, Margarida Marques, Porfírio Silva, Santinho Pacheco e Wanda Guimarães).

O texto do PS teve os mesmos votos favoráveis (PS, PSD e CDS-PP) e contra (BE, PCP e PEV), tendo-se mantido a abstenção do PAN, mas sido ligeiramente diferente no número de abstenções por parte da bancada socialista: apenas Jorge Gomes e Paulo Trigo Pereira.

No final da leitura e votação dos textos foi cumprido um minuto de silêncio pelo plenário de deputados.

Os socialistas destacam, no seu pesar, que "enquanto chefe da diplomacia americana em Lisboa, e em plena Guerra Fria, Carlucci desempenhou um importante papel no processo de transição democrática, para o qual lhe valeram as suas inquestionáveis qualidades diplomáticas e a proximidade pessoal com Mário Soares, tal como os laços de amizade que criou no país".

"Com o seu falecimento, perde-se uma personalidade que se mostrou relevante na consolidação da democracia portuguesa", lamenta o PS.

No voto de pesar apresentado pelo CDS-PP, refere-se que, "de todos os momentos da carreira de Frank Carlucci, é à frente do posto em Lisboa que viria a revelar-se politicamente mais determinante", mandato "marcado inexoravelmente pela sua intervenção política em favor das forças democráticas contra o PREC durante o Verão Quente desse ano e na aproximação política e estratégica entre os dois Estados".

"Firme na ideia de que o processo de transição e consolidação democrática não estava perdido, contrariamente à opinião de membros da própria Administração norte-americana, Carlucci bateu-se pela restauração da normalidade do processo democrático em Portugal, ao lado dos principais protagonistas políticos da resistência, Mário Soares, de quem era amigo pessoal, Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral", recordam.

De acordo com os centristas, "a persistência com que Carlucci se bateu, ao lado das forças democráticas, valeu-lhe, em 2004, a condecoração pelo Estado português com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a medalha da Defesa Nacional".

"A Assembleia da República expressa o seu profundo pesar pela morte do embaixador Frank C. Carlucci, apresenta as suas condolências às família e amigos, recorda a sua intervenção política na consolidação democrática do regime", lê-se no voto.

No voto de pesar apresentado pelo PSD é recordado que, durante os anos em que foi embaixador americano em Lisboa, Frank Carlucci "foi um dos grandes impulsionadores do estreitamento de relações entre Portugal e os EUA".

"Manteve uma relação de grande proximidade estratégica com o então primeiro-ministro Mário Soares, bem como com outras forças político-partidárias, no apoio ao estabelecimento de um regime democrático em Portugal", é referido.

Frank Carlucci foi embaixador dos EUA durante a "Revolução dos Cravos", aliado do PS de Mário Soares contra o "perigo comunista" e alvo da esquerda radical e do PCP.

"Um tipo pequenino, vivo. Um típico mafioso italiano!", foi a forma como, em 2008, Mário Soares, líder histórico do PS, ex-primeiro-ministro e Presidente da República, descreveu o diplomata que contrariou o então secretário de Estado, Henry Kissinger, que considerou Portugal "perdido para os comunistas" e queria isolar o novo regime português saído do 25 de Abril de 1974.