• Novo dia, novas sanções à Rússia. O primeiro ator ocidental a abrir o jogo foi a Comissão Europeia, que anunciou a proposta de eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, com aposta no Gás Natural Liquefeito (GNL) e nas energias renováveis, estimando reduzir, até final do ano, dois terços de importações de gás russo. A resposta só não foi mais resoluta, porque há membros da União Europeia altamente dependentes da Rússia, como a Alemanha e a Hungria.
  • Mais incisiva foi a comunicação dos EUA. Numa intervenção a partir da Casa Branca, em Washington, o Presidente Joe Biden declarou um embargo total ao gás, ao petróleo e ao carvão russos. Tal decisão foi tomada “em estreita coordenação” com os aliados europeus.
  • Também o Reino Unido vai deixar de importar crude e produtos petrolíferos russos até ao final de 2022 em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, anunciou hoje o ministro da Economia e da Energia, Kwasi Kwarteng.
  • A Rússia já reagiu, com Putin a assinar um decreto de "medidas especiais" para dar garantias à economia da Rússia e que autoriza o governo a proibir exportações de produtos e matérias-primas. O decreto proíbe “a exportação para fora da Federação Russa” de produtos e (ou) matérias-primas que serão especificadas numa lista a ser aprovada pelo governo russo nos próximos dois dias. Além disso, o Banco Central da Rússia anunciou que entre 9 de março e 9 de setembro “os bancos não poderão vender moeda estrangeira aos cidadãos”, acrescentando que os russos poderão, no entanto, trocar moeda estrangeira por rublos durante esse período “a qualquer momento, a qualquer hora e em qualquer montante”. O levantamento de dinheiro de contas em moeda estrangeira abertas em bancos russos também será limitado a 10.000 dólares americanos (cerca de 9.180 euros) até 09 de setembro e o restante só poderá ser retirado em rublos à taxa de câmbio atual.
  • Apesar destes anúncios, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a mostrar-se desapontado com a atitude dos países ocidentais, acusando-os de terem quebrado as promessas de proteção dos ucranianos face aos bombardeamentos da Rússia. "Há 13 dias que estamos a ouvir promessas. Há 13 dias que nos dizem que nos vão ajudar nos céus e que teremos aviões, que nos vão entregar aviões", disse Zelensky, numa mensagem gravada e difundida hoje através da rede social Telegram.
  • Apelo semelhante foi feito pelo Presidente ucraniano numa intervenção inédita perante o Parlamento britânico, por videoconferência, onde Zelensky insistiu na necessidade de uma zona de exclusão aérea e de reforço de sanções económicas contra Moscovo. Citando Shakespeare e Churchill, o líder ucraniano prometeu lutar até ao fim —, merecendo aplausos de pé de toda a Câmara dos Comuns.
  • Horas antes, as agências internacionais tinham reproduzido uma entrevista que o líder ucraniano tinha dado na segunda-feira a uma estação televisiva norte-americana. Ao canal televisivo ABC, Zelensky disse que não vai insistir na adesão da Ucrânia à NATO, uma das questões que motivaram oficialmente a invasão russa, dando sinais de abertura para uma negociação com Moscovo — além disso, está em cima da mesa um “compromisso” sobre os territórios separatistas.
  • De Pequim chegou mais um apelo de paz, com o Presidente chinês, Xi Jinping, a pedir “contenção máxima” no conflito na Ucrânia, durante uma conversa por telefone com os líderes da França e da Alemanha, Emmanuel Macron e Olaf Scholz, respetivamente. A China, que mantém boas relações com Moscovo, recusou, até agora, falar de uma invasão da Ucrânia, lamentando apenas o conflito, ao mesmo tempo em que disse “compreender” as preocupações de segurança russas.
  • Esta posição chinesa chega no mesmo dia em que o diretor da CIA disse perante o senado norte-americano que o presidente chinês, Xi Jinping, está "preocupado" com as "dificuldades" que a Rússia está a enfrentar na sua invasão da Ucrânia. Mais especificamente, a China está “preocupada” com o impacto que a sua proximidade ao governo de Putin poderia ter na sua “reputação”, acompanhando também de perto as possíveis repercussões na economia chinesa.
  • O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) indicou hoje que pelo menos 406 civis foram mortos, incluindo mais de três dezenas de crianças, e 801 ficaram feridos desde o início da invasão russa. O OCHA advertiu, porém, que os números podem ser bastante superiores, já que todos os dias se verificam mortes de civis.
  • Hoje, por exemplo, chegaram mais dois exemplos dilacerantes dos horrores da guerra, em pontas opostas da Ucrânia.Na região de Chernigov, a norte da capital ucraniana, Kiev, três adultos morreram e três crianças ficaram feridas na explosão de uma mina terrestre numa estrada. Já em Mariupol, uma menina de seis anos morreu de desidratação nas ruínas da sua casa destruída.
  • Já quanto ao balanço das perdas das tropas russas — tema quanto ao qual o Kremlin têm sido extremamente opaco — o Pentágono estima que tenham morrido “entre 2.000 e 4.000” soldados enviados por Moscovo na Ucrânia desde o início da ofensiva.
  • Depois de várias tentativas falhadas, e numa nova tentativa para socorrer civis bloqueados por bombardeamentos russos, a Ucrânia anunciou esta terça-feira a abertura de um corredor humanitário para retirar a população civil de Sumy, cidade no nordeste do país, segundo informou a vice-primeira-ministra e ministra para a Reintegração dos Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk.
  • A Ucrânia também começou a retirar a população de Irpin, na região de Kiev, onde cerca de 3.000 civis já receberam assistência. "A retirada da população de Irpin está em marcha. Quase 3.000 civis receberam assistência. O trabalho está em marcha", informaram os serviços de emergência ucranianos numa mensagem divulgada na rede social Telegram.
  • Ainda assim, o Governo da Ucrânia acusou as tropas russas de violarem um cessar-fogo em Mariupol, ao lançarem um ataque na direção do corredor humanitário criado para retirar civis daquela cidade portuária do leste do país. “O inimigo lançou um ataque exatamente na direção do corredor humanitário”, denunciou o Ministério da Defesa na rede social Facebook.
  • Todavia, no mesmo dia em que os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Rússia se encontram na Turquia, o Exército russo anunciou uma nova trégua para retirada de civis na Ucrânia a partir das 07:00 (hora de Lisboa) desta quarta-feira, com a implementação de corredores humanitários.
  • No balanço de refugiados, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou que o número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa ultrapassou hoje os dois milhões, sendo que mais de metade procurou refúgio na Polónia. De resto, a UE já acolheu nos últimos 12 dias tantos refugiados quanto no conjunto de 2015 e 2016.