A Rússia, aliada próxima da Síria, cujo apoio estava em dúvida, juntou-se à votação, pelo que todos os membros permanentes (cinco) e não-permanentes (dez) aprovaram a resolução.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a já terrível situação humanitária na Síria está a piorar e acrescentou que, se as entregas de ajuda humanitária a partir da Turquia ao noroeste de Idlib não forem renovadas, milhões de sírios poderão não sobreviver ao inverno.

Guterres sublinhou que as entregas de ajuda humanitária aumentaram nas linhas de conflito dentro do país, a pedido da Rússia.

No entanto, frisou que esse envio de ajuda não consegue substituir “o tamanho ou o objetivo da enorme operação transfronteiriça das Nações Unidas”.

Com a aprovação desta resolução, a ajuda poderá continuar a entrar na província síria de Idlib e em partes da vizinha Aleppo a partir da Turquia, sem passar pelas mãos do Governo de Damasco, que não controla esses territórios.

O mecanismo, em vigor desde 2014, expirava oficialmente a 109 deste mês (terça-feira), depois de o Conselho de Segurança o ter prorrogado em julho passado por apenas seis meses, com opção por mais meio ano até nova votação.

A aprovação deveu-se à insistência da Rússia, grande aliada do Presidente sírio Bashar al-Assad, que nos últimos anos tem usado o seu poder de veto para reduzir progressivamente este sistema de assistência a zonas controladas pela oposição.

O mecanismo administrado pela ONU passou a ter quatro pontos de acesso para comboios humanitários: dois a partir da Turquia, um do Iraque e outro da Jordânia.

Atualmente, a única travessia autorizada é a de Bab al-Hawa, que liga a província de Idlib, no noroeste, à Turquia, e Moscovo tem dito frequentemente que acredita que a melhor opção seria que toda a ajuda humanitária fosse canalizada a partir de dentro do país em vez de a tornar dependente do Executivo sírio.

No entanto, de acordo com os próprios serviços humanitários da ONU, cortar o abastecimento a partir da Turquia colocaria em risco a vida de milhões de pessoas, razão pela qual a Rússia acedeu em apoiar a continuidade por mais seis meses.

A Síria, como um todo, em guerra desde 2011, sofre uma grave crise económica e uma situação humanitária devastadora, sendo especialmente alarmantes no noroeste do país, onde mais de quatro milhões de pessoas precisam de ajuda e mais de dois milhões dependem inteiramente do instrumento transfronteiriço que permite o envio de ajuda humanitária.

Segundo dados do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas, dos 4,6 milhões de pessoas que residem na região, 3,3 milhões vivem em situação de insegurança alimentar e 2,9 milhões são deslocados internos, 1,8 dos quais residem em campos de refugiados com condições deficientes.

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