Podia ser uma cena de um filme, mas aconteceu mesmo em Portugal: cinco pessoas foram hoje resgatadas pela embarcação de pesca "Festas André", depois de o veleiro onde seguiam ter afundado após um encontro com orcas a cerca de seis milhas — o equivalente a 11 quilómetros — de Sines, no distrito de Setúbal.
Segundo a Marinha, o Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa recebeu contacto do veleiro pelas 00h03, já que este "se encontrava a meter água, depois de um encontro com orcas”. Horas depois, às 02h43, o barco que foi em socorro atracou em segurança no porto de Sines.
Mas o episódio não é caso único — e até tem sido frequente. O ano passado, registaram-se casos semelhantes ao largo de Sintra, em Troia, no Cabo da Roca e em Sesimbra.
Também Espanha anunciou pela mesma altura que ia lançar um estudo para analisar a interação entre as orcas com embarcações em águas espanholas, para minimizar impactos e garantir segurança.
Desde 2020 que estão em crescimento os episódios de aproximação e investidas dos cetáceos contra o casco e o leme de veleiros médios, provocando danos materiais que em 15% dos casos impedem a navegação, sem que nunca tenha sido detetada uma atitude agressiva das orcas em relação aos humanos.
Por cá, a Marinha portuguesa relembra os conselhos das Autoridade Marítima Nacional e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) relativamente ao avistamento de orcas.
"A interação com estes mamíferos ocorre sobretudo devido ao comportamento curioso de orcas juvenis, as quais atraídas pelas estruturas móveis e ruidosas das embarcações, como o leme e a hélice, podem aproximar-se excessivamente das embarcações e embater nas estruturas móveis, com probabilidade de rutura total ou parcial do leme”, alerta.
E, “em caso de avistamento destes mamíferos, recomenda-se a todos os navegantes que seja desligado o motor, por forma a inibir a rotação da hélice, e imobilize a porta do leme, desmotivando assim estes mamíferos a interagir com as estruturas móveis das embarcações”.
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