“Só há duas hipóteses. Ou não há Governo, ou há Governo com o Chega, não há outra hipótese para além disso”, salientou, em declarações aos jornalistas, antes da recomeço dos trabalhos da V Convenção Nacional do partido, após a pausa para almoço.
Ventura afirmou que, enquanto for presidente do partido, “não haverá nenhuma geringonça de direita em Portugal, pelo menos em que o Chega seja parte”.
Momentos antes de votar para a liderança do partido, onde é candidato único, André Ventura afirmou que a única solução que poderá haver "é uma coligação governamental”.
“O Chega exige ser corresponsabilizado pelo Governo da República e não apenas deixar essa responsabilidade para o PSD, porque temos tido governos do PSD que não têm sido muito diferentes dos do PS”, criticou.
O líder indicou que, caso o Chega seja necessário para uma solução de Governo à direita nas próximas eleições legislativas, “exigirá a participação nesse Governo”.
Apesar de reconhecer a “distância significativa” entre os dois partidos nas intenções de voto, o Chega vai lutar para “liderar esse Governo", disse.
“Se o Chega liderar esta coligação há outra decisão que é preciso tomar: [verificar] se o PSD está capaz de mudar o seu ADN ou mudar algumas características do seu ADN para corresponder a um novo estilo de governação que vai ser o do Chega”, considerou.
André Ventura considerou necessário “chegar a acordo em algumas matérias”, como “a reforma da justiça, o reforço do sistema político, a enorme injustiça no sistema fiscal”.
São “áreas difíceis que exigem muita negociação, muita aproximação porque são de mudança do sistema estrutural do país”, declarou.
Questionado sobre os ministérios que gostaria que o partido liderasse, André Ventura considerou que “mais do que a questão de quem ocupa os ministérios, é que o Chega tenha um papel a dizer sobre a execução desses ministérios”.
O presidente do Chega indicou que “não vai ser fácil qualquer entendimento”, mas considerou que o líder do PSD, Luís Montenegro, “percebeu algo que Rui Rio [o antecessor] não tinha percebido, não pode haver linhas vermelhas, senão o risco é não haver Governo”.
“Acho que temos o caminho mais aberto para a possibilidade de começarmos a criar a tal alternativa que o PR pediu, caso o governo socialista caia, como parece que dificilmente se aguentará”, salientou.
Questionado se vai apresentar propostas concretas para o país durante esta convenção, na qual estão previstos quatro discursos seus, Ventura disse que num primeiro momento falou para o partido porque “primeiro é preciso ganhar os partidos para depois falar para o país”.
“Ontem [sexta-feira] e hoje estamos a falar sobre o Chega e sobre o futuro do Chega, hoje à noite e amanhã [domingo] estaremos a falar para o país”, adiantou, referindo que o partido foi aquele que mais propostas apresentou de alteração ao Orçamento do Estado.
O Chega realiza até domingo, em Santarém, a sua V Convenção Nacional, marcada na sequência do chumbo dos estatutos pelo Tribunal Constitucional. Porém, o partido decidiu regressar aos estatutos originais, de 2019, e ajustar os órgãos, em vez de os voltar a alterar este fim de semana.
Depois da eleição do presidente, o partido vai eleger no domingo os órgãos nacionais.
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