Na sua interpelação durante o debate quinzenal que decorreu hoje na Assembleia da República, em Lisboa, André Silva sinalizou que “as ações antropogénicas já causaram mudanças climáticas irreversíveis e os impactos estão-se a sentir em todo o mundo e em Portugal”.

“O mundo está em risco de ultrapassar o limite do aumento de temperatura de 1,5 graus celsius previsto no Acordo de Paris, porque os nossos planos e as nossa ações atuais não são suficientes”, salientou, advogando que “é evidente a urgência de uma tomada de posição”.

O parlamentar aproveitou também para lembrar que na quinta-feira deu entrada no parlamento um projeto de resolução do PAN que instava o Governo português a seguir o exemplo do Reino Unido e da Irlanda, que declararam o “estado de emergência climática”.

Dirigindo-se diretamente a António Costa, André Silva afirmou que “o combate às alterações climáticas é a campanha” das vidas dos portugueses, e questionou o chefe do Governo se “está disponível para adotar uma ação urgente e responsável contra as alterações climáticas com vista a impedir o aumento médio da temperatura em um grau e meio, e declarar o estado de emergência climática em Portugal”.

Em resposta, o primeiro-ministro salientou que não são necessárias “medidas simbólicas”, mas sim “medidas concretas que contribuam para contrariar a trajetória” em que, se nada for feito, vai continuar a “aumentar a temperatura do planeta”.

“Hoje sabemos que não é sequer suficiente cumprir o Acordo de Paris para evitar um crescimento superior a dois graus na temperatura até ao final do século, [e] é por isso que nós temos de adotar medidas”, vincou.

Costa assinalou ter visto “com grande satisfação” a “Comissão Europeia, na semana passada, indicar Portugal como o país de toda a União Europeia onde houve uma maior redução das emissões de CO2 [dióxido de carbono]”.

“E temos os compromissos mais ambiciosos, que vão além do tratado de Paris, fixando um objetivo de neutralidade carbónica para 2050″, apontou, o que “implica, desde logo, traduzir a prioridade” que é preciso “dar relativamente ao investimento no transporte público e à transição por um novo paradigma de mobilidade, para cada vez mais apostar na intensidades das energias renováveis”, e aumentar a eficiência energética do país.

O primeiro-ministro sinalizou ainda ser necessário prosseguir a defesa da floresta, bem como a valorização do “imenso mar” que rodeia Portugal, ambos “enormes recursos” que ajudam à diminuição de dióxido de carbono na atmosfera.

“Dirá: não chega e é preciso fazer mais. Sim, é isso, temos de continuar a fazer mais em todas estas linhas de forma a continuarmos a diminuir as emissões de CO2 e, de preferência, irmos além das metas muito ambiciosas que já fixámos”, salientou, falando diretamente para André Silva.

“O caminho é em frente e é para a seguir que temos de seguir”, rematou.