"Não temos uma coligação em Lisboa, não é o fim do mundo", disse Pedro Passos Coelho, depois de ter desdramatizado as consequências para o PSD das eleições autárquicas. "Ninguém esperará que eu invoque o resultado das autárquicas para abandonar o PSD", garantiu.

Em entrevista à SIC, Passos Coelho garantiu que nunca lançaria instabilidade dentro do partido “a propósito de eleições que têm significado local e não nacional”, acrescentando que tal não significa descartar responsabilidades pelo processo e voltou a apontar como meta o PSD conquistar o maior número de câmaras e juntas de freguesia. "Há uma coisa que não aceito: é que à partida se diga que o PSD vai perder as eleições. (...) O que interessa é ter um resultado melhor que em 2013".

Sobre uma eventual coligação nas eleições legislativas com o CDS, o líder do PSD limitou-se a dizer que não faz "futurologia".

Os resultados da política económica do Governo foram o tema de arranque da entrevista ao Jornal das 8 da SIC, conduzida pelos jornalistas José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão. Os dois jornalistas insistiram para que Pedro Passos Coelho respondesse à questão se se teria ou não enganado nas previsões que fez sobre as consequências das opções de estratégia económica do executivo liderado por António Costa.

Passos Coelho respondeu que não se tratava de se ter ou não enganado. "Não se trata de reconhecer que estou enganado ou que não estou (...) nós crescemos menos do que tínhamos crescido em 2015 e quando todos os outros países, perante uma conjuntura mais favorável, aceleraram o crescimento, nós desacelerámos".

Recordando que a economia tinha crescido 0,9% em 2014 e 1,6% em 2015, Passos Coelho sublinhou que em 2016 “praticamente perdemos um ano na recuperação económica que vinha sendo travada desde o início de 2013 e de forma mais expressiva desde 2014”. “Não é a minha opinião, são os factos”.

“O Governo mudou de estratégia. Começou com uma estratégia orçamental e acabou com outra. Nós sabemos como é que os objetivos para o orçamento foram alcançados, com aquilo que o Governo nunca quis admitir em público, que foi a adopção de um plano B, que se baseia em contas que têm uma expressão não repetível muito grande, são medidas extraordinárias”, afirmou, acrescentando que se não fosse com essas medidas o défice teria sido de 2,7% ou de 3,2%.

Afirmando que não deixa de ficar satisfeito com as metas do défice alcançadas, o líder do PSD sublinhou, porém, por várias vezes que “o Governo mudou de estratégia para atingir o défice que atingiu. E isto vai ter custos".

"Se o Governo tivesse chegado ao final do ano, com os resultados a que se tinha proposto e com a estratégia que tinha, 'chapeau!'. Mas não foi isso que aconteceu".

Recordando que se completam hoje seis anos desde o dia em que José Sócrates pediu ajuda internacional, Pedro Passos Coelho quando questionado sobre se acredita que poderá haver um segundo resgate, frisou que tendo sido primeiro-ministro não faz "afirmações que possam causar pânico ou instabilidade" "Sei muito bem as dificuldades de lidar com um resgate", disse, acrescentando que espera que "Portugal não volte a passar por isso". "Portugal não está hoje como estava em 2010 ou em 2011 e todos ou quase todos fizemos muito para isso".

Sobre a solução encontrada para o Novo Banco, o líder do PSD afirmou que "não está bem" que não se tenha vendido o banco de transição e que só se tenha conseguido vender 75%. Criticando a revisão das condições do empréstimo realizado pelo Estado ao Fundo de Resolução [redução das taxas de juro para metade e prolongamento do prazo para 30 anos], Passos Coelho considerou que isso equivale a "perdoar quase metade do empréstimo" e que não o teria feito caso estivesse no Governo. "Os bancos vão financiar-se a um valor mais baixo que o próprio Estado se financia, o que é um prejuízo para os contribuintes que considero desnecessário".

E se a geringonça desaparecer, preferia que o Presidente da República lhe pedisse para formar Governo ou preferia eleições, perguntou José Gomes Ferreira. "Não vou fazer especulações sobre isso, não há cenários que eu queira tratar de forma privilegiada. (...) Se eles se vão entender até ao fim da legislatura ou não, não é uma questão para a qual eu seja chamado. A responsabilidade pelo Governo que temos não é minha, é desses partidos".

E sobre o Presidente da República, acha normal que esteja sempre a elogiar as medidas do Governo, perguntou Bernardo Ferrão. Lembrando que o Presidente da República foi eleito com o apoio e o voto do seu partido, Passos Coelho respondeu que Marcelo Rebelo de Sousa "não está em Belém para desenvolver a estratégia do PSD, nem de qualquer outro partido".

Espicaçado a responder sobre a concordância que tem existido entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, Passos Coelho limitou-se a responder: "Não acho nada estranho que o Presidente da República possa mostrar um apoio relevante e uma cooperação relevante com o Governo, não confundo isso com a opinião do PSD". "O que me interessa é que o Presidente da República exerça o seu mando sem confundir o plano dos partidos com o plano da cooperação institucional com o Governo e com os outros órgãos de soberania".

Ainda assim, o líder do PSD não não deixou de fazer uma crítica a Marcelo: "Eu teria gostado de ter visto o Presidente defender a independência do Conselho de Finanças Públicas e em particular a crediblidade e a idoneidade da sua presidente, a Dra. Teodora Cardoso, quando foi fortemente atacada pelos partidos da maioria, e até pelo Governo e até pelo primeiro ministro".

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