"Venho aqui fazer um ato de cidadania livre. A 10 de março a Aliança Democrática (AD) deve vencer, vencer com margem. O PS deve ir para a oposição. Portugal deve ter um novo governo e esse governo deve ser de mudança", começou por dizer Paulo Portas, antigo vice-primeiro-ministro e ex-líder do CDS-PP. "A eleição ainda não estão decidida. Há muita confusão, desinformação, manipulação e há na sociedade portuguesa margens importantes de desesperança. O meu contributo é apenas o de tentar ordenar ideias, para ajudar a ordenar escolhas", afirmou Portas no início do seu discurso no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, onde decorre a Convenção da Aliança Democrática.
"Procurarei, com alguma pedagogia, dar argumentos a quem não decidiu, mostrando razões e não chavões. Respeitando os eleitores"; explicou Portas. "A meu ver, a principal missão da AD é essa: dar garantias a quem ainda tenha receios. Dar uma oportunidade à mudança e não deixar prevalecer a resignação com o que temos. Vamos então ordenar ideias".
"Em primeiro lugar sabemos a origem. Foi o primeiro-ministro a apresentar a demissão e não o Presidente da República a demitir o governo", afirmou Portas. "Em segundo lugar, sabemos que o governo do PS entrou em vertiginosa decomposição. Foram 14 demissões em menos de metade do mandato. Em terceiro lugar, sabemos que o PS teve primárias. O candidato que defendia acordos ao centro perdeu. O candidato que defendia uma geringonça 2.0 e uma guinada à esquerda venceu", referindo a eleição de Pedro Nuno Santos.
"Sendo as coisas assim, ou a AD ganha e faz um governo de mudança ou o que teremos não é uma repetição do PS, mas sim, um da geringonça, com um Primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista e com o Bloco e PCP sentados no Conselho de Ministros", afirmou Portas.
"Será certamente, mas não ganharão [em referência ao PS], o governo mais radicalizado desde 1976. É isto que cada cidadão deve pensar antes de exercer o seu voto", afirmou Paulo Portas.
O antigo Ministro de Estado e da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar afirmou, numa "segunda meditação", que sabemos que "há três guerras em curso. Portugal não está isolado do contexto externo. Portugal não tem vantagem em acrescentar instabilidade cá à instabilidade lá de fora. Uma geringonça 2.0 significa parceiros, no Conselho de Ministros, que estão em rota de colisão com as alianças estáveis de Portugal no panorama internacional, e isso geraria desconfiança".
Em termos financeiros, "saberemos que haverá menos crescimento do PIB em 2024. É certo que a inflação está hoje mais baixa, pois esta é a ruína dos mais pobres. Mas, a inflação mais baixa, deve-se à independência dos bancos. Um dos efeitos da inflação foi, entre aspas, 'ajudar o ministério das finanças a reduzir a dívida pública portuguesa'. A inflação fez o PIB subir e também as receitas fiscais. Com uma inflação mais controlada, não há um efeito automático sobre a dívida. Daqui para a frente Portugal só vai reduzir a sua dívida se aumentar o seu nível de crescimento", explicou Portas.
"Assim, os cidadãos poderão perguntar a si próprios, qual o projeto de governo que garante maior crescimento económico, maior rendimento para as famílias, para os investidores e reduzir a nossa dívida pública. Não é muito difícil tirar uma conclusão. Um governo da AD gera mais confiança e uma geringonça 2.0 gerará menos confiança, menos investimento e, portanto, menos crescimento", concluiu o antigo líder do CDS-PP.
"Quando a AD apresentar o seu cenário macro-económico, esta campanha deixa de ser de feijões e leilões. Vamos direito às contas que a classe média precisa de saber para conservar o seu futuro", avisou Portas.
Depois das explicações em relação à AD, Paulo Portas centrou o seu discurso no Partido Socialista, questionando se "estamos pior ou melhor do que há dois anos quando o PS recebeu a maioria absoluta? Estão piores a saúde, a educação, a habitação, a carga fiscal, a relação entre aumento da carga fiscal e não aumento e por vezes deterioração dos serviços públicos. Está pior a segurança e as forças de segurança, a quem devemos o respeito pela lei e pela ordem", disse Portas.
"Permitam-me corrigir uma frase de António Costa, que dizia que 'só o PS pode fazer melhor do que o PS', perdão? Diria eu, 'só o PS pode fazer pior do que o Partido Socialista', disse Portas.
"A TAP ia ser nossa como as caravelas. Vamos é ver qual é a bandeira caravela", afirmou Portas, acrescentando que "o próprio Pedro Nuno Santos, ele não sabia que a nacionalização da TAP colocaria o risco todo do lado do contribuinte. E parece-me que até hoje não percebeu. Não sabia das condições dadas à gestora da TAP... sabia. Ele não sabia, ou ainda não sabe, das condições que a ex-CEO da TAP foi contratada...sabia. Quem colocou num memorando assinado entra a República Portuguesa e a Troika a privatização da TAP e dos CTT foi um governo do Partido Socialista", indicou Portas.
"O PS quer 'vender' a imagem de Pedro Nuno Santos como um político decido. Lamento, decidir bem é mais importante do que decidir mal. E se, como ministro, não mostrou preparação e revelou ser impulsivo, como seria como primeiro-ministro? Um político que revela tanta leviandade política nos setores que tutelou e tanta amnésia nas decisões que tomou não é o mais qualificado para chefiar o governo de Portugal. Se António Costa teve um problema quando recebeu a maioria absoluta – não conseguir recrutar gente competente, salvo exceções, na sociedade civil, na universidade ou nas empresas – e ter de fazer um governo essencialmente de 'apparatchiks', imaginem o que aconteceria se Pedro Nuno Santos recebesse um mandato para governar”, finalizou Portas.
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