"Para serenar as populações, se calhar não era desajustado que se tornasse público ou se compilasse o nome e a relação de todas as pessoas", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, que referiu ainda não ter tido acesso à lista oficial de vítimas.
No entanto, o autarca frisou que, no terreno, todos têm conhecimento "de quem faleceu e de quem foi vítima" do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande a 17 de junho.
Também o autarca da Castanheira de Pera, Fernando Lopes, considerou que, "se calhar, o melhor é divulgar a lista" para acalmar as populações, visto que têm corrido várias listas e rumores de mais vítimas mortais nos concelhos mais afetados.
Porém, Fernando Lopes recordou que os familiares das vítimas também poderão não estar "disponíveis para autorizar a divulgação".
"Quem tem responsabilidade nesta matéria tem de responder por ela e desfazer as dúvidas todas", frisou.
Já o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, que também não tem conhecimento da lista global, vincou que as autarquias têm a sua própria lista do conhecimento que têm das pessoas que faleceram.
"Eventualmente, poderá aparecer um cadáver aqui ou acolá", notou, apesar de duvidar que tal tenha acontecido, visto que ninguém se dirigiu à Câmara "a reivindicar a morte ou desaparecimento de fosse quem fosse".
Valdemar Alves sublinhou que há que "ter boa-fé", frisando que há "pessoas que gostam de contrariar e de perseguir o poder".
"As pessoas que andam com estas histórias [de mais vítimas mortais] devem ter o bom senso e a vergonha de parar. Sempre houve boateiros. Quero que corram com os boateiros", disse o presidente do município, que falava aos jornalistas após visitar a Área de Localização Empresarial, nas Fontainhas, acompanhado do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, no âmbito do programa do Dia do Município.
Câmara de Pedrógão Grande pede declaração de calamidade pública para acabar com burocracia
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, defendeu que se deveria declarar calamidade pública sobre o incêndio de junho para se poderem acabar com burocracias que as autarquias têm de enfrentar.
"Acho que se deveria declarar calamidade pública", afirmou aos jornalistas o presidente do município, sublinhando que há muita burocracia que os autarcas têm de ultrapassar.
Valdemar Alves vincou que "para comprar a porcaria de um computador ou de uma secretária" há várias burocracias e criticou também o facto de serem necessários três orçamentos "para a porcaria de uma obra" numa habitação.
"Não podemos brincar", disse o presidente da Câmara de Pedrógão Grande (distrito de Leiria), considerando que o mecanismo poderia facilitar toda a reconstrução dos concelhos afetados.
O pedido ainda não foi formalizado, mas o autarca garante que tal vai ser feito, com "toda a cautela".
"Aquela coisa de dizer que passam tudo para as câmaras é tudo cantiga, porque ficamos sempre de rabo ali preso às leis nacionais", afirmou Valdemar Alves, que admitiu que pode ser pedida a declaração de calamidade pública ou "outra situação idêntica".
O presidente do município falava aos jornalistas após visitar a Área de Localização Empresarial, nas Fontainhas, acompanhado do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, no âmbito do programa do Dia do Município.
No entanto, caso seja declarada calamidade pública, as cláusulas de contrato de seguros são consideradas nulas, segundo a Lei de Bases da Proteção Civil, publicada no ‘site' do Ministério da Administração Interna e consultada pela agência Lusa.
De acordo com o artigo número 61, "consideram-se nulas, não produzindo quaisquer efeitos, as cláusulas apostas em contratos de seguro visando excluir a responsabilidade das seguradoras por efeito de declaração da situação de calamidade".
Nos últimos dias, têm surgido notícias que dão conta de mais vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, além das 64 assumidas oficialmente.
O primeiro-ministro, António Costa, apelou hoje a que quem tenha conhecimento de um maior número de vítimas no incêndio de Pedrógão Grande o comunique de imediato à Polícia Judiciária e ao Ministério Público.
O incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, segundo as autoridades pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
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