Pedro Nuno Santos deu esta noite uma entrevista à TVI/CNN na qual explicitou que a carta que hoje enviou ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi a “concretização de uma declaração" que tinha feito à saída de uma audiência com o Presidente da República.
De acordo com o secretário-geral do PS, a valorização salarial de certos grupos profissionais da administração pública obteve um amplo consenso dos vários partidos na campanha eleitoral e “não há razão” para adiar estas respostas.
Um eventual orçamento retificativo “deve estar limitado a estas matérias” para que não se misture depois com o Orçamento do Estado para o próximo ano “que é muito mais do que isto”, disse ainda Pedro Nuno Santos.
“Se querem resolver, o PS está disponível para fazer”, salientou, reiterando que “seria um erro deixar estas matérias” para o próximo Orçamento do Estado.
Sobre a resposta que entretanto recebeu de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos considerou que a “carta não deixa de ter a dose de arrogância” que o primeiro-ministro tem manifestado em casos como a eleição do Presidente do Assembleia da República ou o discurso da tomada de posse.
“Este Governo não tem uma maioria que lhe permita ter essa relação com o PS”, disse.
Hoje de manhã foi conhecida a carta que Pedro Nuno Santos enviou a Luís Montenegro a disponibilizar-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública.
Horas depois, esta missiva recebeu uma resposta do primeiro-ministro, que saudou o “exercício de responsabilidade política e compromisso” do líder do PS e comprometeu-se a agendar “oportunamente uma reunião de trabalho” sobre a valorização de carreiras e salários na Administração Pública.
“Aproveito o ensejo para lhe transmitir que oportunamente agendaremos uma reunião de trabalho sobre essa temática, o que deverá acontecer na sequência das negociações com as organizações representativas dos trabalhadores. O tempo e o modo de condução desses processos negociais serão, obviamente, definidos pelo Governo”, refere Luís Montenegro, na resposta à carta que lhe foi hoje enviada por Pedro Nuno Santos, e a que a Lusa teve acesso.
Em 19 de março, após uma audição com o Presidente da República em Belém, Pedro Nuno Santos tinha-se manifestado disponível para viabilizar um Orçamento retificativo da AD limitado a “matérias de consenso”, referindo-se à valorização das grelhas salariais destes grupos profissionais da administração pública até ao início do verão.
Um dia depois, questionado sobre este desafio, Luís Montenegro disse ter registado “com satisfação o sentido de responsabilidade” da comunicação feita pelo secretário-geral do PS, mas escusou-se a responder se estaria disponível para negociar uma viabilização de um eventual Orçamento Retificativo.
Para Pedro Nuno Santos também é preocupante que "a direita clássica, a direita tradicional, Pedro Passos Coelho" assumam "bandeiras que são da extrema-direita" e que "atentam contra" a forma de viver dos portugueses, lamentando que "a direita esteja a querer impor uma visão da sociedade e da família".
"É assustador que um ex-primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] tenha alinhado neste discurso que é um discurso da extrema-direita, que deve ser combatido, vai ser sempre combatido pelo PS sem hesitação e eu espero ter connosco a juventude portuguesa para nós combatermos o regresso a um passado em que ninguém quer voltar", disse.
Apontando que o "Chega não hesitou em elogiar" a intervenção desta tarde de Passos Coelho, Pedro Nuno Santos disse não acreditar que os jovens portugueses, incluindo os que votaram no Chega, aceitem que se recue na forma como se vê o relacionamento entre as pessoas.
"Não há nenhuma imposição sobre uma determinada visão da família, é exatamente o contrário. Vejo muito a direita falar de família natural. Não sei o que isso de família natural, sei que há muitas famílias", criticou.
O líder do PS rejeitou ainda que haja qualquer doutrinação dos jovens nas escolas já que aquilo que existe "é um ensino do respeito pelo outro, da tolerância, da liberdade".
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pediu hoje que se dê um "sinal muito forte" para responder aos que expressaram desilusão nas últimas eleições e que não se criem desentendimentos teatrais no espaço político.
Esta ideia foi defendida durante a para a apresentação do livro "Identidade e Família -- Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade" - que contou com a presença dos líderes do Chega, André Ventura, e do CDS-PP, Nuno Melo -- Passos Coelho
A obra reúne textos de personalidades como Jaime Nogueira Pinto, Manuel Clemente, Manuela Ramalho Eanes, João César das Neves, Isabel Galriça Neto, Guilherme D'Oliveira Martins ou José Ribeiro e Castro, entre outros.
À entrada para a apresentação, Passos Coelho foi questionado sobre críticas por se ter associado à visão de família de alguns dos autores do livro, lamentando que no espaço público existam "cada vez mais rótulos e caricaturas" apenas com a intenção de "agredir e desqualificar".
"Portugal, apesar de algum atraso nesta abordagem, também vem conhecendo este vício que diminui o espaço público e procura reconduzir certas discussões que interessam a toda a sociedade a uma espécie de gente ultramontana, ultraconservadora e outras coisas que normalmente se seguem", disse, acrescentando que no espaço político estes rótulos rapidamente descambam para outros.
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