“Portugal vai dar um contributo extraordinário para o pacote de assistência abrangente, que é um pacote da NATO para apoio não letal e, portanto, que será também dedicado à reposição da capacidade energética da Ucrânia. E demos hoje a indicação que avançaremos com uma contribuição extraordinária de um milhão de euros”, anunciou.

João Gomes Cravinho falava aos jornalistas à margem da reunião do Conselho do Atlântico Norte que junta os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO no Palácio do Parlamento, na capital da Roménia, e termina hoje.

Questionado sobre se Portugal vai ajudar a Ucrânia com geradores ou outro tipo de material que ajude a restaurar o sistema de energia do país e a combater o inverno - que segundo a NATO está a ser usado pelo presidente russo como “arma de guerra” - Cravinho respondeu que essa possibilidade está a ser estudada, mas salientou que “existe neste momento uma escassez generalizada no mercado de geradores em função da elevada procura, justamente para fazer face à destruição provocada pela Rússia”.

“Em relação ao apoio militar, é uma constante. Portugal está constantemente a rever a suas possibilidades e ao longo da duração da guerra iremos com certeza reforçar o nosso apoio”, sublinhou.

Gomes Cravinho fez um balanço desta reunião afirmando que foram dois dias de trabalho “muito interessantes” e que demonstraram “grande unidade e convergência” entre os Aliados.

O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “os reversos militares da Rússia no terreno” têm levado a que este país “tenha concentrado sobretudo os seus ataques contra a população civil nomeadamente procurando danificar infraestrutura civil, elétrica, no sentido de tentar criar as condições mais difíceis possíveis para a população civil”.

“É um crime de guerra, mais um crime de guerra. A Rússia ao longo de todos estes meses tem denotado grande indiferença e desprezo pelo direito internacional incluindo as leis de guerra. Deixar bem claro para a Rússia que a NATO continuará a apoiar a Ucrânia pelo o tempo que for necessário”, vincou.

Questionado sobre se denotou alguma frustração por parte da Suécia e Finlândia - que ainda aguardam a ratificação da Hungria e Turquia dos seus pedidos de adesão à NATO - Cravinho respondeu que teve uma reunião bilateral com o homólogo turco que lhe transmitiu que existem "avanços significativos". A mesma indicação foi passada ao ministro português por parte do ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês.

"Passo a passo estamos a avançar no sentido certo", sublinhou.

O primeiro-ministro português esteve em Kiev em 21 de maio passado, reuniu-se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e manifestou a disponibilidade de Portugal para participar num programa de reconstrução de escolas e jardins de infância da Ucrânia, ou patrocinar a reconstrução de uma zona territorial a indicar pelas autoridades ucranianas.

Das opções pela reconstrução, o líder do executivo português manifestou preferência pela referente às escolas e jardins de infância, dizendo que o Estado Português tem experiência recente na execução desses programas de modernização de estabelecimentos de ensino.

Em Kiev, no final de uma reunião com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, António Costa assinou um acordo para a concessão de um apoio financeiro de 250 milhões euros à Ucrânia.

De acordo com os dados mais recentes avançados pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, Portugal já forneceu 315 toneladas de material militar letal e não letal à Ucrânia, incluindo “armamento e munições”, 14 veículos blindados e tem 700 ‘kits’ de primeiros socorros “disponíveis para entrega”.

(Notícia atualizada às 13h16)