Foi só à décima gala, mas chegou: o Guia Michelin vai ser apresentado em Portugal, naquilo que tem sido considerado uma vitória pelas figuras da indústria. E traz boas notícias, segundo Ángel Pardo, responsável de comunicação do Guia Michelin Espanha e Portugal que diz haver “novidades importantes em ambos os países”.
Até agora, a organização de um evento assim tinha sido domínio exclusivo de “nuestros hermanos”, sendo que nos últimos dois anos, a apresentação do guia de 2017 ocorreu em Girona e a edição deste ano foi revelada em Tenerife.
Hoje, o Pavilhão Carlos Lopes vai engalar-se para receber os mais importantes prémios na gastronomia, que têm sido generosos para o nosso país nos últimos anos. Se em 2016 havia 17 estrelas do “guia vermelho” distribuídas pelos restaurantes nacionais, agora são 28 e logo à noite poderão ser ainda mais.
Mas as estrelas não são todas iguais, ou melhor, ter uma estrela não é o mesmo que ter duas ou três. O Guia faz uso de um sistema de medições que determina que um restaurante com uma estrela tem “cozinha de grande finura, compensa parar”, duas estrelas significa que tem “cozinha excecional, vale a pena o desvio” e a distinção máxima de três só é dada aos que têm “cozinha única, justifica a viagem”.
Para fazer a atribuição das estrelas, todos os anos, uma equipa de cerca de uma dúzia de inspetores visita os restaurantes dos dois países em anonimato para fazer uma avaliação. Tendo como critérios a qualidade dos produtos, a criatividade e apresentação, o domínio do ponto de cozedura e dos sabores, a relação qualidade/preço e a regularidade da cozinha, os inspetores decidem se concedem, mantém ou retiram estrelas.
Na véspera deste evento, Portugal tem 18 restaurantes com uma estrela e cinco com duas estrelas. Esta é uma realidade largamente contrastante com a que estava presente quando o Guia Michelin ibérico foi criado, em 1910, sendo que apenas em 1929 é que dois restaurantes - o ‘Santa Luzia’ (Viana do Castelo) e o ‘Hotel Mesquita’ (Vila Nova de Famalicão) - obtiveram as primeiras distinções no país.
Todos os anos, surge a expectativa quanto aos potenciais novos membros deste exclusivo grupo - no ano passado entraram mais dois, o Vista, em Portimão e o Gusto, em Almancil -, mas neste ano o "burbinho" tem sido outro: se é desta que um restaurante português obtém três estrelas.
Os especialistas da área dividem-se, sendo que uns acreditam que pode mesmo acontecer, enquanto outros se mantém mais céticos. Nas bolsas de apostas, os restaurantes mais cotados são o Belcanto (Lisboa), de José Avillez, e o Ocean (Armação de Pêra), comandado por Hans Neuner), sendo que o Vila Joya - o restaurante que há mais tempo detém duas estrelas, desde 1999 - de Dieter Koschina também se afirma como grande hipótese. Para além destes restaurantes, especula-se se o Alma (Lisboa) de Henrique Sá Pessoa e se o Feitoria (Lisboa), liderado por João Rodrigues, vão somar a segunda estrela.
Durante a festa - apenas acessível por convite -, com cerca de 500 convidados, entre ‘chefs’ dos dois países, representantes institucionais e empresários, além de mais de cem jornalistas, sete restaurantes com estrelas Michelin da zona de Lisboa vão garantir o jantar, com cada espaço a oferecer três pratos e uma sobremesa.
A equipa de ‘chefs’ é composta por José Avillez (Belcanto) - que também coordena a gala -, Henrique Sá Pessoa (Alma), Joachim Koerper (Eleven), João Rodrigues (Feitoria), Gil Fernandes - em substituição de Miguel Rocha Vieira, que saiu recentemente (Fortaleza do Guincho), Sergi Arola (LAB by Sergi Arola) e Alexandre Silva (Loco).
A organização da gala em Lisboa resulta de uma candidatura conjunta do Turismo de Portugal, Câmara de Lisboa e Associação de Turismo de Lisboa e está orçada, segundo o Governo, em mais de 400 mil euros.
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