Estas críticas foram feitas pela vice-presidente da bancada socialista Jamila Madeira, depois de o CDS-PP ter manifestado total oposição à revisão da Lei de Bases da Saúde, em discussão no parlamento, recusando um diploma feito "de véspera e em vésperas de eleições" apenas para "servir os interesses eleitorais da esquerda e da extrema-esquerda".

Em declarações aos jornalistas, nos jardins exteriores à Assembleia da República, Jamila Madeira considerou que "o CDS-PP desde sempre se colocou de fora de qualquer contributo positivo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

"Este contributo hoje dado pelo CDS está em linha com o comentário do senhor Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] relativamente à crise da direita. Uma vez mais, temos a direita a esquecer-se de falar com os portugueses, não dando resposta àquilo que os cidadãos pedem: Mais SNS e reforço da qualidade da saúde", afirmou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Segundo Jamila Madeira, "após todos os contributos dados pelas diferentes bancadas neste debate sobre a Lei de Bases da Saúde, o CDS-PP, uma vez mais, afirmou que aquilo que pretende é a manutenção da atual lei de Cavaco Silva [antigo primeiro-ministro e Presidente da República] e de Arlindo de Carvalho [antigo ministro da Saúde]".

O CDS-PP, na perspetiva da deputada do PS, defende "que o Estado deve continuar a apoiar o desenvolvimento dos privados e deve continuar a apoiar a mobilidade dos profissionais do público para o privado".

Falta de acordo na Lei de Bases da Saúde será "prejudicial" para o SNS

Jamila Madeira advertiu também que a eventual ausência de consenso para a aprovação de uma nova Lei de Bases da Saúde será "prejudicial" para o SNS, assumindo esta esta posição perante os jornalistas, depois de questionada se a não aprovação pelo parlamento do processo de revisão da Lei de Bases da Saúde constituirá ou não uma derrota para o Governo.

"Será, sobretudo, prejudicial para o SNS. Continuamos a trabalhar para os sucessos - e assim vamos continuar até ao final deste processo", declarou, sem nunca se referir aos parceiros parlamentares da atual solução governativa.

Em matéria de Lei de Bases da Saúde, a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS procurou, sobretudo, salientar que, até ao momento, no âmbito da especialidade, foram já aprovadas "muitas propostas de bases variadas".

"Ainda há um conjunto de propostas que irão a votação no próximo dia 11. Até lá, trabalharemos todos os contornos. No entanto, só com todas as bases aprovadas e com a votação final global consolidada é que poderemos dizer que teremos uma lei aprovada", ressalvou.

Confrontada com o facto de o PSD se preparar para chumbar no parlamento a revisão da Lei de Bases da Saúde, Jamila Madeira criticou o estilo de atuação dos sociais-democratas.

"Lamentavelmente, a direita tem-se colocado sempre de fora deste debate, porque prefere a atual Lei de Bases, que privilegia o apoio e o desenvolvimento dos privados e a continuação do crescimento dos privados em detrimento do reforço do SNS. O PS acredita numa visão diferente", disse

"Acreditamos até ao fim podermos ver fumo branco", acrescentou, numa alusão à possibilidade de um entendimento entre as forças da esquerda parlamentar.