“O PSD dedica-se à política dos casos e à da espuma dos dias. E fá-lo primeiro para que não se fale do sucesso desta governação”, afirmou o deputado do PS João Paulo Correia, no debate quinzenal no parlamento.

O deputado socialista referia-se ao tema lançado pelo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, que questionou o primeiro-ministro sobre as ligações familiares no governo.

No debate, o deputado do PS destacou o “défice histórico” de 0,5% do PIB, sem “deixar cair uma promessa eleitoral e sem subida de impostos” e “alcançado sem cortes de despesa corrente e de pessoal”, ao mesmo tempo que se “aumentaram as prestações sociais”.

O aumento das receitas do IRS apesar de as taxas terem descido para as famílias e a criação de “mais de 320 mil postos de trabalho” foram outros indicadores do “sucesso da governação” do PS apontadas pelo deputado.

Para João Paulo Correia, o PSD suscitou “o discurso da política dos casos” para “que não se fale” do livro do porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD Joaquim Miranda Sarmento, apresentado quarta-feira, sobre “A Reforma das Finanças Públicas em Portugal”.

Para João Paulo Correia, as medidas contidas no livro constituem um “anteprograma eleitoral” do PSD que é “contra a baixa das propinas no ensino superior” e “achou errado a redução das 40 para 35 horas” de trabalho na administração pública.

“E acha errado o programa de apoio à redução do tarifário dos passes sociais. Diz que esta medida não é uma causa do PSD e com este programa diz ao que vem”, acusou o deputado do PS.

Na apresentação do livro, o presidente do PSD, Rui Rio, manifestou a sua concordância com o objetivo defendido pelo autor do livro, de atingir um 'superavit' orçamental de 0,25%, mas recusou comprometer-se com outras medidas mais polémicas propostas por Joaquim Sarmento na obra.

“São as ideias dele e tudo irá fazer para que o PSD as abrace. No fim, umas serão acolhidas e outras não”, afirmou, remetendo essa decisão para a apresentação do programa eleitoral do PSD, em junho ou julho.

Na resposta ao deputado socialista, o primeiro-ministro concordou que o PSD “não quer discutir” as estratégias para o país porque “a política de devolução de rendimentos não só não foi um falhanço mas, pelo contrário, foi essencial para devolver confiança à sociedade portuguesa e para gerar investimento e crescimento económico”.

“O PSD disse que íamos ser levados para um novo resgate, anunciaram a vinda de um novo resgate, a verdade é que o `diabo´ não veio e a dívida não disparou”, destacou Costa, sublinhando que “hoje o país tem as mais baixas taxas de juro”.

Na mesma linha do deputado do PS João Paulo Correia, o primeiro-ministro aproveitou para “colar” o PSD às medidas mais polémicas contidas no livro do porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD sobre “A Reforma das Finanças Públicas em Portugal”.

“O que é que propõe em matéria fiscal? O aumento do IRS criando uma coleta mínima para aqueles que hoje estão isentos de IRS passarem a pagar IRS”, criticou, ironizando que “é esta a política fiscal do PSD”.

Costa acusou o PSD de querer “aumentar o IVA da restauração de novo para 23%” e disse que “se o PSD fosse governo aumentava o IVA da restauração, as propinas e os passes sociais”.

“O PSD agora é só carinho com a administração pública. Tanto, que ontem [quarta-feira] queriam oferecer generosamente mais cinco horas de trabalho”, ironizou, referindo-se à proposta de Joaquim Miranda Sarmento.

[Notícia atualizada às 17:54]