No arranque de um debate marcado pelo PSD na Assembleia da República sobre “A qualidade dos serviços públicos”, o deputado Pedro do Ó Ramos apontou exemplos em áreas como saúde, educação, transportes, agricultura, segurança interna para tirar uma conclusão.
“A degradação dos serviços públicos é visível e sentida diariamente pelos cidadãos. É o próprio Estado que perde dignidade e deixa de ser confiável”, acusou.
Para o deputado social-democrata, “o caos” que considera verificar-se nos serviços públicos tem uma explicação.
“Deve-se à obsessão do primeiro-ministro e do ministro das Finanças em atrasar soluções, mas também a uma clara diminuição do investimento público entre 2015 e 2017”, apontou, considerando o que o Governo socialista, apoiado por BE, PCP e Verdes, foi o “campeão do desinvestimento público e consequente degradação os serviços públicos”.
Na resposta, o deputado e vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia acusou o PSD de tentar fazer “um apagão das responsabilidades” que teve no anterior Governo.
“Foi o período em que os serviços públicos sofreram maiores ataques desde o 25 de Abril”, acusou, referindo exemplos em áreas como saúde, transportes e na justiça, com o encerramento dos tribunais, além dos cortes nos vencimentos dos funcionários públicos.
Elencando algumas das medidas do atual Governo, João Paulo Correia defendeu que, por exemplo na saúde, o Executivo já repôs “700 milhões de euros dos mil milhões cortados pelo anterior Governo”.
“Afinal que modelo de serviço público quer o PSD: o que defende quando está na oposição ou a prática que fez no Governo?”, questionou.
Também o BE, pelo deputado Moisés Ferreira, classificou a intervenção do PSD no debate como “uma espécie de mixórdia de temáticas”.
“Parece que queria falar da degradação de serviços públicos, mas expôs aquilo que é a degradação dos sociais-democratas: a tática é atirar o barro à parede a ver se a coisa cola, não dizendo nada sobre nada”, criticou.
Para Moisés Ferreira, quando PSD e CDS falam em serviços públicos “a primeira pergunta que vem à cabeça dos portugueses é: onde é que querem cortar agora? O que querem privatizar agora?”.
Na mesma linha, a deputada Ana Mesquita, do PCP, acusou o PSD de “desplante” por trazer este tema ao plenário, “quando foram protagonistas do maior ataque aos serviços públicos”.
“Sempre que tiveram a mão na massa o que mais fizeram foram privatizações e cortes nos direitos dos trabalhadores”, criticou.
José Luís Ferreira, pelos “Verdes”, reconheceu fragilidades nos serviços públicos, mas deixou uma pergunta aos sociais-democratas: “Em grande parte, não continuamos a sofrer as consequências da passagem do PSD e do CDS pelo Governo?”.
Na resposta, Pedro do Ó Ramos acusou os partidos de esquerda de “só querem falar no passado” e “esconderem as suas responsabilidades no presente”.
Aludindo à entrevista do primeiro-ministro, na qual António Costa disse que a relação com os parceiros de esquerda dá para “serem amigos mas não para casar”, o deputado do PSD manifestou uma opinião contrária.
“Querem enganar os portugueses, porque senhores casaram, num casamento original com muitos nubentes, numa cerimónia envergonhada a 10 de novembro de 2015, sem assistência”, criticou, referindo-se à assinatura das posições conjuntas, e acrescentou que a “renovação de votos” aconteceu cada aprovação do Orçamento do Estado.
Pedro do Ó Ramos salientou o “muito orgulho” da sua bancada no trabalho feito pelo anterior Governo PSD/CDS-PP e recordou o anterior primeiro-ministro.
“Se Pedro Passos Coelho governou como governou e conseguiu pôr o pais a crescer, imaginem com outra conjuntura”, destacou.
A deputada do CDS-PP Cecília Meireles apoiou as críticas do PSD e acusou os partidos de esquerda de terem apregoado o “fim da austeridade, mas esquecerem-se de falar do fim da verdade”
“Não vale a pena PCP e BE dizerem que nunca são responsáveis por nada”, criticou.
No encerramento, o deputado Cristovão Ribeiro respondeu o Bloco de Esquerda, que considerou “uma espécie de mixórdia de temáticas” a intervenção do PSD, afirmando que se trata de "uma falta de respeito" pelos portugueses, e uma "falta de decoro" que "não são mixordeiros".
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