“São tudo indícios, infelizmente, de que temos um Governo hesitante, um Governo que não tem rumo, um Governo que não tem capacidade, nem vontade transformadora, nem reformista”, considerou o social-democrata na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.
Em declarações aos jornalistas na AgroSemana — Feira Agrícola do Norte, e a propósito da saída da ministra da Saúde, Marta Temido, o presidente do PSD considerou que este é um sinal do “desnorte e desorientação” do Governo de António Costa.
Dizendo tratar-se de um Governo “que está sempre a reboque dos acontecimentos”, Luís Montenegro afirmou que estes primeiros meses de mandato “cheiram a fim de mandato”.
Marta Temido apresentou na madrugada de terça-feira a demissão do cargo de ministra da Saúde por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo, que foi aceite pelo primeiro-ministro.
Nesse dia, o primeiro-ministro, António Costa, expressou um “agradecimento muito profundo” pelo trabalho que Marta Temido desempenhou como ministra da Saúde, explicando que “desta vez” não se tinha sentido em condições para recusar o pedido de demissão.
Na opinião de Montenegro, esta saída representa “a falência do projeto do PS, do PCP e do BE para o Serviço Nacional de Saúde”.
Mas, mais do que a saída de Marta Temido, o social-democrata referiu que o dado mais significativo foi a “afirmação arrogante” do primeiro-ministro sobre o facto da política de saúde se manter.
“Não é preciso ser dotado de grande capacidade para perceber que se a política vai continuar a mesma, os resultados vão ser iguais ou piores”, apontou.
Luís Montenegro realçou que o PSD defende “intransigentemente” o Serviço Nacional de Saúde, mas para haver um bom serviço o sistema de saúde público tem de contar com a complementaridade do setor privado e social.
“Até ao momento, por teimosia e uma teimosia inexplicável do primeiro-ministro e da ministra da Saúde, isso não foi posto em prática em prejuízo das pessoas”, vincou.
O social-democrata considera ainda que o “complexo ideológico do primeiro-ministro está a penalizar gravemente a saúde dos portugueses”, lembrando que os portugueses têm hoje as urgências encerradas em muitas especialidades, filas de espera à porta das urgências, pessoas sem acesso a médico de família e listas de espera para consultas, cirurgias e tratamentos.
“Isso tudo tem a ver com uma política de saúde que fracassou”, frisou, acrescentando que António Costa é “o maior amigo da saúde privada em Portugal que há”.
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