Na newsletter diária do partido, a vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata Berta Cabral acusa o Governo e o ministro do Ambiente de terem ignorado “os alertas do PSD [de 2016] e a recomendação da Assembleia da República na questão da central de Almaraz”.
“O Governo acordou tarde e a más horas para a construção de um novo armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, que Espanha aprovou à revelia da consulta a Portugal”, consideram.
Segundo esta acusação, o Governo “nada fez quando a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, a resolução n.º 107/2016, em abril do ano passado, que recomendava ao executivo que interviesse junto do Governo espanhol e das instituições europeias no sentido de proceder ao encerramento da central nuclear de Almaraz, que já devia ter sido desativada”.
“Só muito tardiamente o ministro do Ambiente decidiu efetuar diligências as quais se revelaram infrutíferas, ao ponto de se sentir desconsiderado pelo Governo espanhol”, afirma a deputada.
Berta Cabral recorda ainda que em 2016, “a bancada parlamentar social-democrata tinha alertado o executivo para o que era, à data, o anúncio da construção prevista pelo Governo espanhol, pedindo ao executivo português que pressionasse o seu congénere espanhol para encerrar a central de Almaraz”.
“Em devido tempo, o PSD alertou e confrontou o Ministro do Ambiente, expressando a sua enorme preocupação, sobretudo face aos incidentes reportados pelo Conselho de segurança nuclear espanhol, tendo aquele membro do executivo chegado ao ponto de afirmar que não estava preocupado com o assunto”, recorda a parlamentar.
Para a social-democrata, “não é com reações temperamentais que se resolvem os problemas” e Portugal não pode dar-se “ao luxo” de “não comparecer em reuniões com os responsáveis políticos” espanhóis.
“A obrigação de um governante responsável é dialogar, defender os interesses de Portugal e dos Portugueses, ao abrigo do direito nacional e europeu e no âmbito da diplomacia e do relacionamento bilateral”, refere ainda.
Mas as críticas do PSD ao Governo a propósito desta matéria não ficam por aqui, já que Berta Cabral enfatiza que o primeiro-ministro, António Costa, não se pronunciou sobre esta questão e não se conhece “a posição política e oficial do Governo português sobre o encerramento da central nuclear de Almaraz”.
Os governos de Portugal e de Espanha anunciaram hoje que se reúnem, quinta-feira em Madrid, depois de Lisboa ter recebido garantias de que o processo de construção de um armazém de resíduos nucleares em Almaraz “não está encerrado”.
“Com garantias por parte de Espanha de que o processo do Armazém Temporário Individualizado de resíduos nucleares de Almaraz não está encerrado, e com o objetivo de se encontrar uma solução de consenso entre os dois países, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, estará amanhã [quinta-feira] em Madrid para reunir com os ministros do Ambiente e da Energia do reino de Espanha”, lê-se num comunicado hoje enviado à Lusa pelo Ministério do Ambiente.
O parlamento português aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um voto comum de condenação da opção de construir uma central de armazenamento em Almaraz, Espanha.
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