"O que nós estivemos aqui a votar foi um aumento significativo do quadro do pessoal da câmara, que tem vindo a aumentar regularmente, tem atingido níveis que nos parecem exagerados", afirmou o vereador do PSD Álvaro Almeida, no final da reunião extraordinária do executivo camarário que decorreu à porta fechada.

A proposta de alteração submetida hoje à aprovação do executivo municipal apresenta "o acréscimo de 117 postos de trabalho, resultantes das necessidades identificadas pelas diferentes unidades orgânicas em áreas ainda deficitárias e prementes para a execução das suas missões e prossecução das suas atividades".

Para o PSD, que votou contra a proposta de alteração ao mapa de pessoal para 2019, o município, liderado pelo independente Rui Moreira, está a criar "uma estrutura muito pesada" que é possível financiar em época de crescimento da receita, mas que trará grandes dificuldades ao orçamento da câmara quando o ciclo económico se alterar e as receitas caírem significativamente.

Também para o PS existe um "risco para a sustentabilidade futura do município", ainda que não ignore que este aumento do quadro de pessoal tenha algumas explicações.

"Acho que a estratégia é navegar à vista. É perguntar aos serviços quais são as dificuldades e ir colmatando essas dificuldades passo a passo. Até podemos compreender que, em alguns casos, isso tenha mesmo de ser assim, mas é preciso uma visão de longo prazo sobre o que é que se pretende da estrutura da câmara", declarou o vereador do PS Manuel Pizarro.

Para os socialistas, que se abstiveram na votação, a regularização de situações precárias, por exemplo, é muito positiva, mas não afasta o risco.

"A câmara tinha em 2010, sem as participadas, 2.834 profissionais, chega ao fim de 2018 com 3.146 e o que se prevê é mais 100 pessoas durante o ano de 2019. Consideramos que há aqui um risco para a sustentabilidade futura do município se isto continuar a acontecer desta forma e sem que haja um debate claro sobre a estratégia de recursos humanos do município", acrescentou.

Já para Ilda Figueiredo (CDU) a questão da sustentabilidade não se coloca, até porque o reforço de pessoal é positivo, desde que traduzido numa melhoria dos serviços prestados.

"Para nós a questão principal não é a câmara ter mais trabalhadores se a isso corresponder um melhor serviço às populações, às organizações da cidade, seja na área da habitação, no movimento associativo, na área da cultura, do desporto, etc.", explicou, justificando a abstenção da CDU com a falta de conhecimento mais detalhado sobre as reais necessidades e distribuição destes recursos humanos.

Também a vereadora do pelouro dos Recursos Humanos e Serviços Jurídicos, Catarina Araújo, que assina a proposta, rejeita que este aumento do quadro de pessoal coloque em risco a sustentabilidade do município.

"Eu queria deixar bem claro que todas as situações não resultam de nenhuma alteração à macroestrutura interna do município aprovada, nem nenhuma alteração orçamental relativamente à verba já destinada", assegurou Catarina Araújo.

De acordo com a vereadora, muitas dessas necessidades tinham a ver com alterações aquando da aprovação da macroestrutura, já que havia unidades orgânicas que não tinham ainda sido dotadas dos colaboradores necessários, de que é exemplo "o departamento municipal de proteção de dados que, à data, não tinha afeto nenhum colaborador".