“Tive ocasião de no sábado falar com o doutor Rui Rio, felicitá-lo pela sua eleição para presidente e, conforme combinado com doutor Rui Rio, e assim que houver ocasião, falaremos sobre o resto dos temas que os dois temos de conversar”, afirmou, questionado pelos jornalistas à saída do grupo parlamentar do PSD.
Questionado se a reunião já está marcada, Hugo Soares respondeu “já” mas escusou-se a avançar quando será e a responder se irá colocar o seu lugar à disposição.
“Conforme combinado com o doutor Rui Rio nesse mesmo sábado [dia da eleição] teremos ocasião de falar sobre o resto dos temas que importam ao parlamento”, repetiu, escusando-se a fazer mais declarações.
O futuro da liderança parlamentar do PSD tem estado no centro do debate interno no partido desde que Rio venceu as eleições no sábado, com os ex-líderes Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite a defenderem que Hugo Soares, que apoiou Pedro Santana Lopes, deveria colocar o lugar à disposição.
Do lado dos vice-presidentes da bancada que apoiaram Santana Lopes (sete em 12), dois deles, Sérgio Azevedo e Amadeu Albergaria, colocaram, através da rede social Facebook, o seu lugar à disposição do presidente do grupo parlamentar, mas hoje escusaram-se a fazer declarações aos jornalistas.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, a deputada e ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz reiterou, como tinha afirmado à Lusa no domingo, que a direção da bancada tem “legitimidade própria” e elogiou o desempenho político de Hugo Soares.
“O dr. Pedro Passos Coelho durante o seu mandato nunca deu sequer qualquer indicação para a liderança de bancada”, frisou.
Por outro lado, Paula Teixeira da Cruz considerou que “a manutenção do atual líder parlamentar significaria um sinal de união”, mas disse que irá aguardar “serenamente” pela conversa entre os dois.
“Substituí-lo implica não só não considerar a autonomia do grupo parlamentar e seria um sinal de divisão que não se deseja”, afirmou.
Fonte próxima do presidente eleito salientou à Lusa que Rui Rio estará, até ao congresso que decorre entre 16 e 18 de fevereiro, concentrado na constituição de equipas para os órgãos nacionais e na preparação da própria reunião, com a interação com a Assembleia da República e a passagem dos dossiês de transição também entre as suas prioridades.
A mesma fonte salienta que o PSD tem, neste momento, um presidente ainda em plenitude de funções, Pedro Passos Coelho, e uma direção política em funcionamento.
Em entrevista à Antena 1 no início de dezembro, questionado se as eleições internas poderiam ter implicações na direção da bancada, Hugo Soares sublinhou que o seu mandato é de dois anos e que “quem elege a liderança do grupo parlamentar são os deputados”.
No entanto, na mesma entrevista, acrescentou que não há lideranças parlamentares contra “a vontade determinada do presidente do partido”, sobretudo se as linhas de orientação da futura comissão política forem “completamente antagónicas” com as da direção da bancada.
Hugo Soares foi eleito em 19 de julho do ano passado, para um mandato de dois anos, com 85,4% de votos, correspondentes a 76 votos favoráveis, 12 votos brancos e um nulo, sucedendo no cargo a Luís Montenegro, que atingiu o limite de três mandatos consecutivos.
Depois do anúncio de Passos Coelho de não se recandidatar à presidência do partido, em outubro passado, Hugo Soares tem assumido o protagonismo pelo PSD nos debates quinzenais com o primeiro-ministro, António Costa.
Rui Rio venceu no sábado as eleições diretas no PSD e será o 18.º presidente do partido: segundo os resultados provisórios, Rio, com 22.611 votos e 54,37%, ganhou com uma vantagem de 3.617 votos sobre Santana, que recolheu 18.974 (45,63%).
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