O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou hoje as declarações "sinceras" de Donald Trump, candidato republicano às eleições presidenciais americanas de novembro, sobre o seu desejo de pôr termo ao conflito na Ucrânia.
Trump "falou sobre querer fazer tudo o que é possível para acabar com o conflito na Ucrânia. Acho que são declarações sinceras. E declarações como esta, de onde quer que venham, nós acolhemos, é claro", disse Putin em conferência de imprensa durante a cimeira dos BRICS, em Kazan.
O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que um acordo de paz com a Ucrânia deve basear-se na realidade do campo de batalha, onde as forças de Moscovo controlam quase 20% do território ucraniano.
"Estamos prontos para considerar quaisquer conversações de paz com base nas realidades locais. Não estamos prontos para fazer mais nada", declarou em conferência de imprensa na cidade russa de Kazan, onde hoje terminou a cimeira dos BRICS, bloco originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e entretanto alargado a mais países.
"A bola está do lado deles", disse Putin, comentando a possibilidade de negociações, embora tenha insistido que Kiev se recusa a dialogar com Moscovo.
Durante a cimeira dos BRICS, os representantes da China, Índia e Brasil apelaram ao líder do Kremlin para um imediato alívio da violência na Ucrânia e para o rápido início das conversações de paz.
"Todos estão concentrados em pôr fim ao conflito o mais rapidamente possível e de preferência de forma pacífica", comentou o líder russo.
Na quarta-feira, a diplomacia ucraniana congratulou-se pela falta de referências na declaração final da cimeira dos BRICS à "visão neoimperialista russa de mudar a ordem mundial e a arquitetura de segurança global através da sua agressão contra a Ucrânia".
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano salientou que o parágrafo dedicado à Ucrânia da declaração da cimeira se limita a mencionar as posições nacionais dos países participantes e "o seu compromisso com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, bem como com um acordo pacífico e com a diplomacia" para encerrar o conflito iniciado pela Rússia em fevereiro de 2022.
Hoje em Kazan, o Presidente russo expressou gratidão a todos os parceiros por prestarem atenção ao conflito ucraniano e "procurarem uma forma de o resolver".
Durante a conferência de imprensa, o líder do Kremlin voltou a acusar os Estados Unidos de apoiarem um alegado golpe de Estado na Ucrânia em 2014, o que levou à atual escalada de violência entre os dois países, em alusão à revolta Euromaidan na Ucrânia há dez anos que afastou Kiev da esfera de influência de Moscovo, e ao levantamento pró-Moscovo no Donbass, no leste do território ucraniano, instigado pelo Kremlin.
Quanto à situação atual na frente de combate, onde as tropas russas têm registado importantes progressos nas últimas semanas, Putin afirmou que o Exército russo "age com firmeza em todas as direções" e estão a avançar "em todos os setores da linha de contacto".
Em particular, o Presidente russo referiu a situação na região fronteiriça de Kursk, invadida pelas forças ucranianas em 06 de agosto.
"[Os militares russos] estão a trabalhar ativamente na frente de Kursk. Algumas unidades do exército ucraniano, incluindo na região de Kursk, estão bloqueadas e cercadas. São aproximadamente 2.000 militares", disse ainda Putin.
No seguimento da invasão da Ucrânia, Moscovo anexou as províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk, no leste do país, e de Zaporijia e Kherson, no sul, embora sem reconhecimento internacional nem que tenha controlo total de nenhuma delas, à semelhança do que já tinha feito com a península da Crimeia em 2014.
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