Num cenário de guerra, as surpresas acontecem. E hoje houve mais uma, em forma de visita: o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reuniu-se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev — numa deslocação que não foi divulgada previamente.

O gabinete de Boris Johnson afirmou posteriormente que o líder do governo britânico quis "encontrar-se com o presidente Zelensky em pessoa, num gesto de solidariedade com o povo ucraniano", e que deveria "apresentar um novo pacote de ajuda financeira e militar" ao país a braços com a invasão das forças russas.

O adjunto de Zelensky, Andriy Sybyga, também partilhou na rede social Facebook uma fotografia do encontro entre os dois líderes, escrevendo que "a Grã-Bretanha lidera o apoio militar à Ucrânia, a coligação antiguerra e as sanções contra o agressor russo".

Boris Johnson é o primeiro líder de um país do G7 — grupo que reúne as maiores economias mundiais — a visitar a Ucrânia desde o início da invasão russa, que começou a 24 de fevereiro.

Mas quanto vale esta visita surpresa de Boris Johnson à Ucrânia? Vejamos:

  • Foi anunciada uma nova rubrica de financiamento de 500 milhões de dólares (cerca de 450 milhões de euros) para a Ucrânia através do Banco Mundial, o que eleva o montante total de fundos comprometidos por esse meio para 1.000 milhões de dólares (cerca de 910 milhões de euros);
  • Ficou prometido que seriam fornecidos à Ucrânia 120 veículos blindados e mísseis antinavio, bem como 800 projéteis antitanque, para fazer frente às forças invasoras russas.

“A Ucrânia desafiou as probabilidades e afastou as forças russas dos portões de Kiev”, disse o primeiro-ministro britânico, classificando a resistência ucraniana como “o maior feito de guerra do século XXI”.

“Esta visita é uma manifestação do apoio resoluto, forte e contínuo do Reino Unido à Ucrânia”, explicou Boris Johnson.

Mas a visita também serviu para condenar os movimentos russos. “O que Putin fez em Bucha e Irpin são crimes de guerra e mancharam de forma permanente a sua reputação e a representação do seu Governo”, afirmou Boris Johnson, numa declaração conjunta com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Na cidade ucraniana de Bucha, perto da capital, Kiev, foram encontrados numerosos corpos de civis depois da retirada das tropas russas. De Irpin, também às portas de Kiev, após a recuperação da cidade pelas tropas ucranianas, surgem igualmente relatos de centenas de civis mortos.