Rui Rio foi hoje o convidado do Fórum TSF, no qual manifestou a convicção de que a probabilidade de o PSD vencer as eleições de domingo é “mais elevada” do que a de o PS ganhar, embora reconheça que as legislativas estão “muito disputadas”: “Admito que consiga ter uma diferença um bocado superior do que o que se está à espera”.
Questionado se, caso falhem os entendimentos pós-eleitorais entre partidos, admitiria que o Presidente da República tentasse um Governo da sua iniciativa, Rio admitiu esse cenário, mas advertiu que quer o ex-chefe de Estado Cavaco Silva, quer o atual, Marcelo Rebelo de Sousa, “não têm esse pensamento”.
“Acho que eles não simpatizam nada com essa ideia, não acho que seja completamente destituída de sentido de um modo geral, a Constituição tem essa possibilidade e deve mantê-la”, afirmou.
Segundo a Constituição, o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República “ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”.
Questionado sobre a relação com o Chega, Rio reiterou a recusa de uma coligação governativa com este partido e, à pergunta se admite conversar com André Ventura para “o convencer dos méritos” dos seus orçamentos, Rio remeteu esse diálogo apenas para o plano público e parlamentar.
“Essa conversa é o debate parlamentar normal, à vista de toda a gente no plenário”, afirmou.
Perante a insistência do jornalista Manuel Acácio se não haveria conversas “nos gabinetes do PSD ou do Chega”, Rio respondeu negativamente: “É isso mesmo, não, é isso mesmo que está a dizer”.
“Imagine que eu apresento um Orçamento e o PS grita porque pode passar com votos do Chega, mas pode gritar ao contrário se reprovar com os votos do Chega, os deputados do Chega valem o mesmo que cada deputado, vale cada um, um voto”, frisou.
“Eu apresento os documentos que tiver de apresentar no parlamento, e os deputados do Chega têm de votar, não vão fugir da sala”, reforçou, considerando que têm sido “a esquerda e a comunicação social” a dar maior visibilidade ao partido liderado por André Ventura.
No Fórum da TSF, Rio foi questionado por ouvintes e pelo moderador sobre alguns pontos do seu programa, reiterando que defende o aumento do Salário Mínimo Nacional, “como é lógico”, mas que este “tem de subir dentro daquilo que a economia e as empresas podem pagar”, tendo em conta a conta a inflação, a produtividade “e um bocadinho mais para as empresas não ficarem presas a um modelo de baixos salários”.
Na área dos apoios sociais, o presidente do PSD referiu que não está prevista a sua redução se vencer as eleições, mas “ir mais pelo lado da fiscalização”, quer no Rendimento Social de Inserção, quer no subsídio de desemprego, admitindo ser necessário “revisitar” a legislação que regula a recusa de ofertas de emprego em condições consideradas razoáveis.
Questionado se admite reduzir os impostos sobre os combustíveis, o presidente do PSD salientou que o programa do partido pretende uma redução global de impostos, admitindo que se este produto continuar a subir de preço, poderá ser necessário “privilegiar mais a redução deste imposto em relação a outros”.
A uma pergunta se pretende fazer cortes na saúde e na educação, Rio deu uma dupla resposta: “Vamos e não vamos”.
“Cortes no sentido de menos dinheiro para estes setores não, como é lógico. Agora, cortes em tudo aquilo que é o desperdício para canalizar para aquilo que é útil, sim”, afirmou, elegendo como “um desígnio forte” a luta contra o desperdício para reduzir o peso da despesa pública no Produto Interno Bruto (PIB).
Rio voltou a negar que o PSD pretenda pôr a classe média a pagar mais pelo Serviço Nacional de Saúde e que pretenda que os portugueses descontem menos para a Segurança Social pública, explicando que o objetivo é criar incentivos fiscais para “quem quiser” complementar a sua pensão com produtos financeiros privados.
“Daqui por 30 ou 40 anos teremos uma demografia diferente, temos desde já de proteger as pessoas para essa altura”, justificou.
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