“Em matéria de Saúde, o Governo do PS, que agora cessa funções, falhou. Não só não cumpriu o que prometeu, como ainda deixou degradar a situação que herdou”, afirmou Rui Rio no encerramento da interpelação do PSD ao Governo sobre saúde, acusando o executivo de ter “prejudicado gravemente muitos portugueses”.
Por estas razões, defendeu, “impõe-se que Portugal mude rapidamente, não só a sua política de saúde, como também os seus principais protagonistas”.
“Impõe-se, para defesa da saúde dos portugueses e, fundamentalmente, para um cabal cumprimento dos seus direitos constitucionais”, defendeu.
Rio começou por recordar que o Governo socialista prometeu que, em 2017, todos os portugueses teriam médico de família e que aumentaria o acesso dos portugueses ao SNS, considerando que este é o momento para “avaliar a diferença entre a propaganda e a realidade concreta”.
“A realidade revela-nos um SNS à beira do caos, com hospitais próximos do estado de calamidade, com urgências em rutura e doentes internados, durante dias, nos corredores de circulação ou até numa garagem, como acontece no hospital de Vila Franca de Xira”, criticou.
Rio acrescentou a este cenário “as longas filas de espera de madrugada” para consultas, o agravamento das listas de espera, e “a frustração e desmotivação dos profissionais do SNS”, dizendo que “não surpreendem as sucessivas dezenas de demissões em bloco” de vários diretores de serviço por todo o país.
“Competia ao Governo ter tido noção da realidade e ter mobilizado todo o sistema de saúde que Portugal tem instalado nos três setores fundamentais: público, privado e social. Porque os preconceitos ideológicos não podem ser uma barreira à saúde das pessoas”, defendeu.
O presidente do PSD, que durante a pandemia manifestou uma atitude de colaboração para com o Governo, ressalvou hoje que, também nesta fase, o executivo “não esteve à altura das suas responsabilidades”.
“E não esteve porque recusou promover, logo a partir da primavera de 2020, a necessária colaboração entre público e privado, encaminhando os doentes do SNS - principalmente nos casos das doenças cardiovasculares e oncológicas - para quem os podia tratar”, apontou.
Rui Rio considerou que foi esta opção que contribuiu para que “Portugal fosse um dos países com maior sobre mortalidade não covid”, citando um relatório recente da OCDE.
“Em Portugal, morreram mais cerca de sete mil pessoas por causas não-covid face à média dos últimos cinco anos”, disse, defendendo que as causas deste “número avassalador” deviam ser “devidamente apuradas”.
Na fase final do debate, ainda antes da intervenção de Rui Rio, a deputada socialista Sónia Fertuzinhos acusou o PSD de querer “fortalecer o setor privado e enfraquecer o SNS”, reservando para este setor apenas aquilo que os privados não quisessem fazer.
A deputada do PS chamou “aspirante a ministro da Saúde” ao deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, que fez a abertura do debate, mas reservou para a atual titular da pasta, Marta Temido, um elogio.
“É com mulheres da sua fibra, da sua competência, da sua solidez ideológica que os portugueses sabem que podem contar e que o SNS nunca entrará em colapso”, considerou.
O CDS-PP optou por só intervir na interpelação com uma única intervenção do deputado Miguel Arrobas, no qual acusou o PS de “puro preconceito ideológico” e defendeu a “saudável complementaridade” dos setores público, privado e social, criticando ainda a “aprovação à pressa” da eutanásia.
No debate, o deputado do BE Moisés Ferreira defendeu que “o país não está condenado a escolher entre o regresso ao passado proposto pelo PSD e a estagnação nos problemas do presente do PS”.
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