“Espanha está preparada para reconhecer o Estado palestiniano” e “não se conforma em ser mero observador internacional”, afirmou Sánchez esta semana no parlamento espanhol.
A ronda de contactos começa hoje de manhã na Noruega e segue, à tarde, na Irlanda. Na próxima semana, vai abordar o assunto com Luís Montenegro, em Madrid, antes de, na terça-feira, viajar para a Eslovénia e Bélgica.
Para o líder do Governo espanhol, a comunidade internacional só pode ajudar a Palestina se reconhecer a sua existência, além de esta ser “a única via para israelitas e palestinianos conviverem em paz”.
Fontes do Governo espanhol realçaram esta semana em Madrid que o reconhecimento da Palestina tem de ser ponto de partida para negociações em “pé de igualdade” entre as duas partes do conflito.
Sánchez considerou, no parlamento, que o risco de escalada e alastramento a outros países e territórios do conflito na Faixa de Gaza, com “a resposta absolutamente desproporcional do Governo de Israel” ao ataque terrorista do grupo islamista palestiniano Hamas de outubro, é real e sublinhou que tem impacto direto em “todo o mundo”, pelo que o reconhecimento do Estado da Palestina é também do “interesse geopolítico da Europa”.
Neste contexto, congratulou-se por haver cada vez mais países europeus “a abrir os olhos” e a somar-se à posição de Espanha, manifestando-se agora disponíveis a reconhecer o Estado palestiniano.
O périplo europeu segue-se a outro, no início deste mês, pela Jordânia, Arábia Saudita e Qatar, onde defendeu mais pontes entre a União Europeia (UE) e os países árabes.
No final de março, assinou com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta) uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina.
Posteriormente, disse que Espanha fará esse reconhecimento até julho.
Segundo o Governo espanhol, a escolha da Noruega para iniciar esta ronda de contactos deve-se ao papel histórico de mediação do país no conflito israelo-palestiniano.
No caso da Irlanda, que acaba de eleger um novo primeiro-ministro, Simon Harris, o objetivo é dar continuidade ao compromisso assumido por Dublin na declaração de março, não esperando Madrid alterações na posição então assumida.
Quanto a Portugal, fontes do executivo espanhol disseram que Sánchez vai aproveitar a visita de Luís Montenegro a Madrid para abordar este assunto, embora tivesse já ponderado incluir Lisboa nesta ronda de contactos sobre a Palestina.
A Eslovénia é outro dos países que subscreveu a declaração de março e o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, fez uma viagem em conjunto com Sánchez a Israel, à Cisjordânia e ao Egito em dezembro, tendo ambos manifestado posições alinhadas sobre a situação em Gaza que lhes valeram críticas por parte de Israel.
Atualmente nove Estados-membros da UE reconhecem a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Telavive.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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