"Estes são operadores de tanques muito experientes, que vieram para aqui diretamente da frente de batalha" na Ucrânia, onde lutam contra a invasão russa, destacou o presidente polaco, Andrzej Duda, numa visita esta segunda-feira, 13 de fevereiro, a Swietoszow, local onde está a ser feita a formação destes soldados.

"Basta olhar para os vossos rostos e percebe-se que estamos diante de pessoas que vivenciaram coisas horríveis, mas que estão absolutamente determinadas a defender a sua pátria", acrescentou.

créditos: EPA/Maciej Kulczynski POLAND OUT

Aqui, em Swietoszow, os soldados ucranianos aprendem a parte teórica, treinam em simuladores e depois fazem exercícios num campo local, conduzindo os blindados que futuramente chegarão também à frente de batalha.

"Este tanque [Leopard 2] é de muito boa qualidade. E o que me agrada é que os nossos soldados também gostaram muito dele", disse aos jornalistas o major ucraniano Vadym Khodak, que vê neste equipamento um "grande apoio para o Exército" ucraniano.

"Espero que, quando chegarmos à linha de frente com este equipamento, estes tanques salvem muitas vidas dos nossos soldados e nos aproximem da vitória", acrescentou.

Uma formação relâmpago

Normalmente, a formação dura dois meses, mas a dos soldados ucranianos será mais intensa, concentrada num um único mês. Por isso, militares de Kiev trabalham "aproximadamente entre 10 e 12 horas diárias, de segunda a sábado", disse aos jornalistas o instrutor polaco Krzysztof Sieradzki.

Segundo Sieradzki, 21 tripulações - compostas de quatro pessoas cada uma - participam do curso de formação, além de pessoal técnico, somando um total de 105 soldados.

Os tanques que estão a ser utilizados nestas formações foram fornecidos pela Polónia e pelo Canadá.

"Os soldados ucranianos estão deslumbrados com a simplicidade da estrutura e a ergonomia dos compartimentos da tripulação", comentou Sieradzki. "Não precisamos motivá-los, pelo contrário, precisamos contê-los um pouco", acrescentou.

De acordo com o ministro da Defesa da Polónia, Mariusz Blaszczak, um dos desafios quando estes tanques chegarem à frente de batalha será encontrar peças de reposição.

Frentes de formação

Também a Alemanha vai começar esta semana a instrução de soldados ucranianos na operação dos carros de combate Leopard 2 na base militar de Munster (norte do país), revelou a revista Der Spiegel este domingo.

Segundo a revista alemã, os primeiros militares a receber formação já se encontram na Alemanha e parte deles vem da frente de batalha, perto da cidade de Bakhmut.

O exército alemão organizou um programa de instrução acelerado em que os soldados aprendem as bases fundamentais do uso dos ‘Leopard 2’ e as possibilidades de combinar a ação com a dos blindados de defesa ‘Marder’.

A instrução acelerada transmitirá apenas o essencial, uma vez que o treino no uso dos carros de combate Leopard 2 dura vários anos.

Segundo os planos do exército alemão, os militares deverão regressar à frente de combate já com a instrução feita e com os carros de combate em fins de março.

Segundo a Der Spiegel, desde o início da guerra, 1.500 soldados ucranianos receberam instrução na Alemanha sobre o uso de sistemas de defesa antiaérea, dos blindados de defesa ‘Marder’ ou dos morteiros ‘Panzerhaubitze 2000’.

Em 25 de janeiro, o Governo alemão definiu a disponibilização de 14 dos seus 62 Leopard 2, enquanto mais carros de combate serão fornecidos por outros aliados.

A guerra resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

(Notícia corrigida às 23h38)