Os olhos do mundo estão postos na China. Não porque se aproxima o Ano Novo — o Ano do Rato, celebrado a 25 de janeiro —, mas porque foi na cidade chinesa de Wuhan, capital da província central de Hubei, que apareceram, em meados de dezembro, os primeiros casos do vírus “2019 — nCoV” (ou coronavírus, como ouvimos por aí).

É pior do que uma gripe. Há febre, dor, mal-estar geral e custa a respirar. As pessoas chegam mesmo a ter falta de ar. E já matou, até ao momento em que escrevo esta crónica, 18 pessoas. E isso é mais do que razão para cancelar os festejos da primeira lua nova, como já aconteceu em Pequim e em Macau. Mais: até a Cidade Proibida de Pequim, classificada como Património Mundial, foi encerrada pelas autoridades chinesas devido à epidemia.

Além do número de mortos, o número de infetados continua a aumentar, por vários locais. Há pelo menos 571 pessoas infetadas só no território continental chinês e foram já detetados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.

Se os nossos olhos se voltam para a China, a mente formula logo uma questão: então e portugueses por lá?

Soubemos, hoje, a reação de Miguel Matos, um dos raros portugueses a residir em Wuhan. É treinador de guarda-redes do Hubei Chufeng Heli, clube que compete na terceira divisão chinesa de futebol. Estava de malas feitas para as Filipinas quando foi impedido de partir, parte de um bloqueio para travar a propagação da epidemia. "É preciso muito azar", foi a reação.

"Autoestradas, ligações ferroviárias e aéreas, está tudo fechado", descreve. "Não podemos sair daqui", acrescenta.

Mas não é só isso que mudou. Em Wuhan, a sétima maior cidade da China, com 11 milhões de habitantes, o silêncio é "total", com os "estabelecimentos encerrados e as ruas vazias".

Além de Miguel, também António Rosa, professor de Design e Arte numa escola internacional de Wuhan, foi apanhado de surpresa: "Já estava de férias há vários dias, mas fiquei a aguardar pelas férias da minha namorada, que começam na sexta-feira, para viajarmos juntos para o Vietname".

"Se soubesse o que sei hoje já não estava aqui", disse. Mas está e a cidade à sua volta vai mudando: não há máscaras nas lojas e há máscaras nas caras. São de uso recomendado pelas autoridades para prevenir o contágio e há quem se esteja a aproveitar para fazer negócio — são vendidas por quatro vezes o preço original. Com isto, o professor diz que, para já, a quarentena se aguenta, mas que caso se prolongue durante semanas será "incomportável".

Por cá, existem dois temas — serão epidemias noticiosas? — que já se vêm também a prolongar (e que assim devem continuar nos próximos tempos): o caso Luanda Leaks e tudo o que diz respeito ao Aeroporto do Montijo. E são essas as minhas sugestões para hoje, já que em histórias longas convém estar atento a tudo.

Que me perdoe o leitor, mas vou deixar tudo o que há para saber sobre o primeiro assunto em notícias diretas que publicámos, para não correr o risco de me alongar demasiado. É só carregar aqui para ler tudo.

Sobre o aeroporto do Montijo, ouvimos hoje duas perspetivas:

1. A preocupação dos ambientalistas com a avifauna do estuário do Tejo (e, consequentemente, com a possibilidade de colisão das aves com os aviões e os problemas que daí podem advir);

2. A aprovação da Associação da Hotelaria de Portugal, que recebeu com agrado a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (porque, defendem, mais um aeroporto é uma boa notícia para o crescimento do turismo em Portugal).

Contudo, se quiser fugir da atualidade e da realidade, deixo duas alternativas (para agora e para os próximos tempos):

  • "O filme do Bruno Aleixo", que chega hoje aos cinemas — pode ler a crítica, pelo Tomás Gomes aqui.
  • "Harry Potter e o Cálice de Fogo" em concerto, a 15 de fevereiro, na Altice Arena — além da exposição que continua em exibição no Pavilhão de Portugal até abril.

Entre o silêncio total, o receio pelo que se passa no mundo e o desenrolar de histórias longas, eu sou a Alexandra Antunes e hoje o dia foi assim.

Porque o seu tempo é precioso.

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