Ontem tinha sido dado o aviso. Hoje chegou a funesta novidade.

Portugal voltou a bater o recorde de infectados com a Covid-19, com a agravante de ser uma nova meta simbólica. Registados mais de 3.000 novos casos — 3.270, para sermos exatos — e com cada vez mais doentes internados — 1.365, estando 200 em cuidados intensivos —, o país vê-se confrontado com um novo desconhecido.

O Governo e as autoridades de saúde têm repetido que, tendo em conta o regresso ao trabalho e às aulas, a chegada da época outono-inverno e a tendência que se tem verificado no resto da Europa, tal subida era expectável.

No entanto, apesar de a Covid-19 já fazer parte das nossas vidas há oito meses e de o país já estar bem mais preparado para lidar com a pandemia, a escala agora é outra e ressurgem memórias da apreensão vivida no início da primavera, até porque, tal como nessa altura, não se prevê ainda um pico desta segunda onda.

Veja-se, por exemplo, que há especialistas que temem que, só na região Norte, passe a haver mais de 2.000 casos diários — hoje foram 1.954, estando no limiar dessa previsão —, mais do que em todo o território nacional no verão.

A situação, portanto, é reminiscente à que vivemos abril, mas com outra magnitude. Por isso mesmo, surpreende que as soluções também sejam semelhantes às que foram tomadas nesse período.

Após o Conselho de Ministros, o executivo reuniu-se para anunciar ao país que, entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro, vai ser proibido circular para fora do concelho de residência, com as devidas exceções, como deslocar-se para o local de trabalho. Se estas palavras lhe trazem um travo a “deja vu”, é porque foi precisamente o que foi implementado durante a Páscoa. Desta vez, porém, o pretexto é o fim de semana coincidir com o dia de Finados, em que muitas famílias se reúnem, particularmente para visitar os entes queridos que já partiram nos cemitérios — e, acrescente-se, atinge também as eleições do Benfica, obrigando o clube a procurar uma solução.

Para além disso, a maldita palavra começada por “c” — o confinamento, que o Governo procurou banir do nosso léxico ao avisar que o país não poderia voltar a fechar — regressou, se bem que em escala diminuta e com outras roupagens.

Face ao agravamento de casos em Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada, o Governo anunciou um pacote de medidas extraordinárias para estes três concelhos, onde consta o dever de permanência no domicílio, a proibição da realização de celebrações e de outros eventos que impliquem uma aglomeração de pessoas em número superior a cinco pessoas, o encerramento dos estabelecimentos depois das 22:00 e a obrigatoriedade de adoção do regime de teletrabalho.

Note-se que estas medidas, apesar de serem das mais severas a surgir no país em vários meses, não são tão limitativas como as implementadas de março a maio por todo o território. "Não existe uma cerca sanitária”, garantiu Mariana Vieira da Silva, uma vez que as deslocações são permitidas entre estes e outros concelhos, tal como "não é confinamento obrigatório, é dito para as pessoas estarem em casa, com exceção de algumas atividades".

No entanto, é um possível sinal do que estará para vir, especialmente se olharmos para os nossos vizinhos europeus. Tal como Portugal, também Espanha, Itália, França, Dinamarca e Bélgicapor exemplo, bateram hoje os seus recordes diários de casos registados. A diferença, porém, é que no Velho Continente estão a regressar práticas que vimos acontecer há perto de meio ano, somando-se os confinamentos, os horários de recolher obrigatório ou as imposições da utilização de máscara na rua.

Quando até um país como a Suécia, que famigeradamente se apresentou como o país com as medidas mais ligeiras perante a Covid-19, anuncia que vai passar a haver novas restrições ao funcionamento de restaurantes e de espaços de diversão noturna, é mesmo sinal de que, como comentou o primeiro-ministro sueco, “a festa acabou”.

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