“Acho que doutor Luís Montenegro tem condições para fazer alguma liderança que o doutor Rui Rio não fez em matéria de oposição e o repto que lhe quero deixar, honestamente, é que se junte ao Chega a fazer verdadeira oposição ao PS”, desafiou André Ventura.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião do conselho nacional, na Guarda, o líder do Chega considerou que “o PSD de Rui Rio esqueceu-se de fazer oposição” e “deu a mão ao PS sempre que pôde”.
“Eu acho que se há um repto a deixar a Luís Montenegro é: este não é o tempo de dar a mão ao PS, o PS tem a maioria absoluta, é tempo de sermos oposição. Os portugueses votaram para que o PSD e o Chega, segunda e terceira maiores forças políticas, sejam oposição”, defendeu.
André Ventura recordou que conhece Luís Montenegro e “até já esteve numa campanha eleitoral” com ele, fazendo votos para que o novo presidente eleito do PSD “faça essa oposição" e "esforço” e que, já na próxima semana, tenha “mão no grupo parlamentar” e os sociais-democratas votem a favor das propostas do Chega para a constituição de uma comissão de inquérito ao caso da receção de ucranianos em Setúbal e sobre um referendo à eutanásia.
“Luís Montenegro disse que queria uma comissão de inquérito ao caso de Setúbal e que era a favor de um referendo sobre a eutanásia. Calhou o destino que o Chega tenha duas propostas que são exatamente assim, agora vamos ver como é que o PSD vota" essas duas propostas”, apontou.
No seu entender, esse “vai ser já um sinal sobre se Luís Montenegro tem ou não um grupo parlamentar sobre a sua orientação" ou se a bancada irá "votar diferente do que o novo líder do partido entende”.
“A par disto espero que Luís Montenegro tenha abertura, ao contrário do que teve Rui Rio, para acabar com as histórias de 'com o Chega sim’, com o Chega ‘não’, com o Chega numa ‘linha vermelha e um cordão sanitária’ e perceba que o objetivo é tirar o PS do poder em Portugal”, afirmou.
Apesar de reconhecer que o novo presidente do PSD “nunca foi muito claro” na posição sobre o Chega, André Ventura salientou que agora, “sendo presidente do maior partido da oposição, terá que assumir que caminho quer”.
“O mesmo que Rui Rio trilhou ou se quer fazer, de facto, uma convergência, ou pelo menos criar um muro conjunto de ser capaz de travar o PS e, este muro conjunto, não é perdermos a identidade”, acrescentou.
Pois, defendeu, “só haverá um novo ciclo se o PSD perceber que este é o tempo da oposição, não de governo”, porque “o PSD não está no governo, nem o Chega está no governo”.
“É abrir um novo espaço em que pomos o país acima dos nossos egos partidários e eu acho que é isso que é preciso e, do que conheço de Luís Montenegro, é possível. Agora vamos ver, uma coisa é quando as pessoas são candidatos, outra é quando se tornar líder do partido”, afirmou.
Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD, venceu no sábado as eleições diretas para o cargo de presidente do PSD, com cerca de 72,5% dos votos e em todos os distritos do país, contra Jorge Moreira da Silva, antigo ministro e vice-presidente deste partido, que obteve 27,5%.
Estes resultados provisórios foram divulgados no portal do PSD, quando faltava apurar uma secção no círculo da Europa. A abstenção rondou os 40%.
O Congresso do PSD, em que serão eleitos os órgãos nacionais, está marcado para entre 01 e 03 de julho, no Coliseu do Porto.
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