“A solução foi encontrada a nível local e regional, entre a Câmara Municipal e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Médio Tejo, com um clínico a vir dois dias por semana, das 09:00 às 18:00, a partir de outubro e em regime de prestação de serviços, e com o município a atribuir um incentivo como complemento ao seu vencimento de 15 euros por hora”, disse à Lusa Sérgio Oliveira (PS), presidente da Câmara de Constância, no distrito de Santarém.
Segundo o autarca, que reside naquela freguesia e participou na vigília da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), a expectativa é que a situação venha a “estabilizar em outubro”, com o clínico, que “já esteve a trabalhar três dias em setembro” na extensão de saúde de Santa Margarida, “passe de dois dias fixos”, que vai assegurar a partir de terça-feira, “para os três dias por semana, com horário completo”, situação que “seria a ideal” para conferir “estabilidade” a uma extensão de saúde que tem 1.600 utentes inscritos.
O presidente da Câmara de Constância tinha lançado ao Governo, no início de setembro, um "grito de alerta" e “de revolta", pedindo soluções para a falta de médicos de família em Santa Margarida, tendo mencionado “um flagelo sem precedentes” a nível nacional.
“Em tempos modernos, é impensável que tenhamos várias extensões de saúde encerradas” e que, para obterem uma consulta, “os utentes tenham que se deslocar de madrugada ou de véspera para a porta da extensão/centro de saúde de Santa Margarida”, lamentou o autarca na carta dirigida ao ministro da Saúde, enviada em 06 de setembro, e à qual a Lusa teve acesso.
Hoje, o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo afirmou estar satisfeito com a colocação de um médico naquela freguesia tendo, no entanto, afirmado que uma prestação de serviços de “cinco dias por semana seria o ideal” para aquele local, e alertado para a necessidade de “respostas urgentes” para as populações das freguesias rurais do Médio Tejo.
“O pouco é sempre melhor que nada e temos de estar relativamente satisfeitos”, afirmou à Lusa Manuel José Soares, questionado sobre a solução encontrada para Santa Margarida, tendo feito notar que “o objetivo da vigília, a exemplo de outras realizadas no Médio Tejo, é vincar que só pode haver uma saúde de qualidade se a proximidade também for respeitada”.
“Este é uma situação que penaliza a população mais idosa e uma faixa da sociedade, a grande maioria, com pouco poder financeiro, através de um profundo abandono das populações que vivem em meios mais pequenos, nomeadamente rurais, como é o caso de Santa Margarida”, lamentou.
Nesse sentido, defendeu, “é preciso tomar medidas urgentes e de caráter extraordinário, com agilização dos processos de contratação de médicos estrangeiros e de clínicos aposentados, formação de pessoal médico e definir o mais rapidamente possível as questões relativas à gestão dos recursos humanos para haver estabilidade, quer dos profissionais, quer das populações”.
A ação, que juntou cerca de 40 pessoas à porta da extensão de saúde de Santa Margarida, incluindo dirigentes da CUSMT, autarcas e populares, teve por mote a “defesa de cuidados de proximidade e o combate à desertificação das aldeias”.
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