“Os espetadores não podem dar-nos impulsos este ano, embora eu considere que tenha estado demasiada gente sem máscara nas subidas. No final [da sexta etapa], estava tudo vedado, mas é apenas para o ‘show’. Apesar das pessoas terem mantido a distância, não é seguro. A determinada altura, cheirei o hálito a cerveja da boca de alguém, por isso, se estiverem infetados com o coronavírus, os ciclistas que passarem ao lado deles também podem ficar”, descreveu Thomas De Gendt.
O belga da Lotto Soudal, uma das figuras mais acarinhadas do pelotão, relatou, na sua coluna no jornal flamengo Het Nieuwsblad, aquilo que foi visível, sobretudo em La Lusette, a última subida da sexta etapa, disputada na quinta-feira: o público compareceu em massa, ignorando os apelos da organização, mas também o protocolo sanitário quer do Tour, quer do próprio governo francês, que insta ao uso de máscara e a um distanciamento de dois metros.
Já Tom Dumoulin, um dos favoritos ao triunfo final na 107.ª edição da ‘Grande Boucle’, começou por dizer-se “feliz com todas as pessoas animadas ao longo da estrada”, antes de alertar para o risco que tal representou para os ciclistas.
“Vi mais pessoas [na quinta-feira] do que nos últimos dias. Especialmente nos últimos quilómetros, não gostei do que vi: muitos espetadores entusiasmados sem máscara”, disse ao diário holandês AD.
Também o italiano Matteo Trentin se juntou ao coro de vozes apreensivas, lançando um apelo ao público numa publicação nas redes sociais. “Caros fãs/espetadores, por favor usem máscara quando nos vierem ver na berma da estrada! Quanto mais segura tornarmos a corrida, melhor é para todos nós!”, escreveu o italiano da CCC.
O protocolo sanitário do ‘Tour’ é particularmente severo para as equipas, já que dois casos de infeção por covid-19 no espaço de sete dias entre os seus elementos, incluindo corredores e ‘staff’, significam a exclusão imediata de uma formação da prova.
Esse mesmo protocolo prevê a ausência de público no início das etapas, a proibição de estacionamento para espetadores nas passagens de montanha e a utilização obrigatória de máscara para quem for para a estrada ver passar o pelotão.
Os corredores também têm de usar máscara nos locais de partida e chegada das etapas, onde não é permitido qualquer contacto entre público e ciclistas.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 863.679 mortos e infetou mais de 26 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em França, morreram 30.706 pessoas das mais de 300 mil confirmadas como infetadas.
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