O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, exigiu nesta quarta-feira, perante a Assembleia-Geral da ONU, uma "punição justa" para a Rússia pela agressão contra o seu país, ao mesmo tempo que pediu que seja retirado o direito de veto dos russos no Conselho de Segurança da organização, "assento que pertencia à antiga União Soviética e não à Rússia", frisou o presidente ucraniano.

"Um crime foi cometido contra a Ucrânia e nós pedimos uma punição justa", disse Zelensky, único líder que teve permissão para discursar por vídeo na Assembleia-Geral da ONU.

Zelensky disse que a Rússia violou os princípios da organização internacional reiterando a criação de um tribunal especial contra o agressor, "pelo crime da agressão contra o nosso Estado".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, afirmou ainda que a decisão russa de mobilizar reservistas demonstra que Moscovo está longe de pensar em negociações para pôr fim aos quase sete meses de guerra.

Zelensky insistiu que a Ucrânia irá sair vencedora na guerra contra a Rússia e que vai obrigar os soldados russos a deixar o país.

“Podemos voltar a hastear a bandeira ucraniana em todo o nosso território. Podemos fazer isso com a força das armas. Mas precisamos de tempo”, afirmou o Presidente ucraniano.

O discurso de Zelensky foi marcante não apenas pelo conteúdo, mas também pelo contexto. Aconteceu após o anúncio da mobilização anunciada por Putin.

Por outro lado, foi a primeira vez que o Presidente ucraniano, trajando a habitual camisola verde, se dirigiu aos líderes mundiais desde a invasão da Rússia em fevereiro.

Zelensky defendeu que Moscovo está a preparar as suas tropas para uma nova invasão no inverno e a preparar fortificações enquanto mobiliza mais tropas no maior conflito militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

“A Rússia quer guerra. É verdade. Mas a Rússia não será capaz de parar o curso da história”, disse Zelensky, acrescentando que “a humanidade e a lei internacional são mais fortes” do que o que considerou ser um “Estado terrorista”.

Estabelecendo várias “pré-condições para a paz” na Ucrânia, que às vezes chegam a prescrições mais amplas para melhorar a ordem global, o Presidente ucraniano pediu aos líderes mundiais que retirem à Rússia o voto nas instituições internacionais, bem como o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, argumentando com o facto de que os “agressores precisam ser punidos e isolados”.

Além disso, o presidente da Ucrânia pediu um fundo para compensar os danos que os ucranianos têm sofrido durante a invasão russa.

O discurso de Zelensky foi um dos mais aguardados numa reunião que se centra este ano sobre a guerra na Ucrânia.

Horas antes, o presidente dos EUA, Joe Biden, condenou a Rússia por estar a “tentar apagar um estado soberano do mapa”, acusando Putin de violar "descaradamente" os princípios fundadores da Carta das Nações Unidas.

O dia de quarta-feira começou com Vladimir Putin a anunciar a "mobilização parcial" de 300 mil reservistas para dar continuidade à "operação especial militar" na Ucrânia. Anúncio que tem provocado inúmeras detenções, resultado das manifestações que surgiram em protesto à "mobilização", nas ruas de Moscovo.

A Rússia ainda não falou na Assembleia-Geral da ONU, estando previsto que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, discurse no próximo sábado.

(Notícia atualizada às 00:00)

*com AFP e Lusa