Em cada golo marcado segue-se o mesmo ritual: de mão aberta, desenha em cima da cabeça uma crista de galo. Trata-se de uma homenagem ao amigo de infância Juri Gallo e à memória das brincadeiras no galinheiro da tia, perto de Bergamo, na região italiana de Lombardia.

Na Série A, em 2016-2017, a celebração já foi vista 11 vezes. Na época transata, outras 11 só na segunda-volta.

Belotti é, portanto, um galo goleador que pode vir a tornar-se uma galinha de ovos de ouro: a 4 de dezembro, prolongou o vínculo com o Torino até 2022, que fica marcado pelos 100 milhões de euros de cláusula de rescisão.

Para o presidente do clube de Turim, Urbano Cairo, esse valor está longe de ser um exagero.

"É o que ele vale. E não ficarei nada feliz, caso alguém coloque esses 100 milhões na mesa para tirá-lo daqui. Prefiro tê-lo connosco", afirmou o dirigente.

O jogador, por sua vez, prometeu "devolver a confiança ao dar o máximo a cada jogo e em cada sessão de treino".

Uma promessa que tem feito questão de cumprir. E com muita garra. Belotti é o jogador que sofreu mais faltas nesta edição do 'Calcio' e em novembro sofreu um corte na sobrancelha que o levou a disputar alguns jogos com um olho roxo e um curativo.

O melhor desde Toni

Tem um físico semelhante a um lutador de boxe: com ombros largos e uma postura levemente curvada, o galo do 'Toro' não é o atacante mais elegante de Itália. Está longe daquele estilo de artistas do passado, como Roberto Baggio ou Alessandro Del Piero.

Também não é o mais habilidoso, nem o mais rápido. Distante dos padrões do futebol moderno, é aquele 9 clássico, que se destaca pela qualidade de posicionamento, pela força que demonstra nas bolas divididas. Mas é de remate fácil e forte. E alia essa capacidade a uma espécie de sexto sentido, um faro de golo.

"Não se pode parar de marcar golos. Nem nos treinos. É preciso criar um vínculo visceral com o golo. O guarda-redes é o inimigo que pode destruir esse vínculo", filosofou o jovem atacante em entrevista ao jornal Correio della Sera.

"Não existe um tipo de golo que me deixe mais feliz que outro. Seja com o rabo ou de bicicleta, a alegria é sempre a mesma", enfatizou.

Além da cobiça de grandes clubes europeus, o talento de Belotti abriu-lhe as portas da seleção transalpina, atualmente comandada por Giampiero Ventura, que foi justamente o seu treinador no Torino, na temporada passada.

O faro de golo não se fica apenas a nível doméstico e continua intacto até pela Squadra Azzurra. Em cinco jogos, marcou três golos e fez uma assistência. Das cinco partidas, foi titular em três.

Sem contar com nenhum avançado de renome nos últimos anos, muitos italianos consideram Bellotti o melhor número 9 do país desde Luca Toni, campeão do mundo em 2006.

No entanto, verdade seja dita: a concorrência não é das mais fortes. Graziano Pellè foi transferido para o futebol chinês, Simone Zaza não está a ser capaz de encontrar o seu melhor futebol no West Ham e Mario Balotelli continua a ser barrado por Ventura, apesar das boas exibições com a camisola dos franceses do Nice.

Porém, apesar destas circunstâncias, a continuar neste ritmo de golos, há uma certeza: o galo não vai parar de cantar tão cedo.