Duas derrotas retumbantes para o Flamengo representaram a demissão de dois treinadores renomeados. Felipão, na primeira volta, e Mano Menezes, ontem, não representaram competição e tomaram 3 golos cada nas derrotas para o rubro-negro.
Pior, o campeão do ano passado, valorizado pelo tamanho do plantel e pela facilidade em alternar titulares e reservas sem perder qualidade, termina a temporada com jogadores desvalorizados, adeptos enfurecidos e projeto desfeito. O diretor de futebol, Alexandre Mattos, um dos responsáveis pelo crescimento do Palmeiras, foi demitido após cinco épocas.
O Palmeiras tornou-se numa equipa arrogante que não sabe aceitar a derrota para uma equipa que foi, simplesmente, melhor. Vários são os casos que ilustram isso, desde a confusão na final do Paulista contra o Corinthians há 2 anos, as constantes reclamações sobre arbitragem e, o mais recente, o silêncio contra a ridícula decisão do Ministério Público de São Paulo de proibir a claque do Flamengo de ir ao jogo deste domingo, alegando risco de confusão.
Assumir a incompetência de gerir um jogo de futebol é o símbolo da falência da segurança e dos seus responsáveis no Brasil. E, a acomodação dos clubes com essa situação, é um desrespeito à história do futebol e dos seus adeptos.
Mas, voltando ao Palmeiras. Uma temporada sem títulos deve ser considerada o fracasso completo de um modelo? A razão para esse drama todo é repercussão do sucesso carioca com um futebol ofensivo e a comoção que isso gerou nos adeptos e nos media. O Palmeiras, pareceu o vilão feio contra o herói do jogo bonito. E decidiu que precisa de mudar.
Em 2019, o Flamengo foi a antítese do campeão do ano anterior. Se o Palmeiras contratava com volume, buscando os destaques dos clubes rivais que poderiam ter algum apelo de revenda, o Flamengo foi buscar altos valores, dentro e fora do país, titulares absolutos e inquestionáveis. Se o Palmeiras foi campeão por que revezava os jogadores, alternando entre uma equipa A e B, o Flamengo não poupou ninguém e foi campeão de duas competições.
Felipão ganhou a vida toda com equipas reativas e diretas. Mano Menezes com um jogo posicional, lento e baseado no erro do adversário. Jorge Jesus, no rival Flamengo, encantou todos com uma proposta de pressão alta, movimentação e ataque. Quebrou recordes de pontos e golos. Tornou-se no herói e o Palmeiras no vilão. E assim, rejeitando o papel a que ficou relegado, o Palmeiras resolve mudar.
O seu presidente anunciou, em conferência de imprensa pós-jogo, que uma nova fase começa, repetindo o mantra da conselheira e patrocinadora (quem realmente manda no clube) que era preciso aprender com os acertos do Flamengo. O Palmeiras quer roubar Sampaoli do Santos. Quer renovar o plantel e ter mais estrelas, deixar de depender só de Dudu. Quer comprometimento do plantel e um novo sonho para a torcida. Mas não pode se esquecer do bem-sucedido passado recente e querer derrubar tudo para construir do zero. Não é terra arrasada. É só uma derrota.
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