Não foi uma semana fácil para Cristiano Ronaldo, que se viu envolvido em mais uma polémica, desta vez por tirar bruscamente o telemóvel da mão de um adepto de 14 anos e o atirar com violência ao chão.

Vindo de duas derrotas, frente ao Atlético de Madrid (para a Liga dos Campeões) e frente ao Everton (para a Premier League), sem quaisquer golos registados, o jogador "explodiu".

Ronaldo pediu desculpa no próprio dia — “Nunca é fácil lidar com as emoções em momentos difíceis como os que atravessamos. Porém, temos de ser sempre respeitadores, pacientes e dar o exemplo para todos os jovens que gostam de futebol” — e voltou a campo com fome de golos.

E foi assim que este sábado, frente ao Norwich, em jogo da 33.ª jornada da Liga inglesa de futebol, marcou dois golos ainda na primeira parte, aos 7 minutos (veja o vídeo no link), após uma assistência de Elanga, na sequência de uma perda de bola de bola comprometedora de Ben Gibson. E voltou a marcar aos 32' (veja o vídeo no link), com um desvio de cabeça, num canto marcado por Alex Telles.

O Manchester United, que alinhou também com os portugueses Diogo Dalot e Bruno Fernandes no ‘onze’, pareceu deslumbrado com a facilidade com que chegou à vantagem de 2-0 e o Norwich aproveitou para reduzir antes do intervalo, aos 45+1 minutos, por Dowell, e igualar no início da segunda parte, aos 52, por Pukki.

Ronaldo, todavia, estava decidido a voltar aos "hat-tricks" — o último foi frente ao Tottenham, a 12 de março — e marcou aos 76 minutos.

Este foi o 60.º hat-trick da sua carreira, numa vitória que foi sofrida para os "diabos vermelhos".

Nas redes sociais o jogador admitiu estar "muito feliz com esta vitória".

"Estou muito feliz com esta vitória e por nos colocar de novo no rumo certo na Premier League. Como disse antes, as conquistas individuais só valem a pena quando nos ajudam a alcançar os objetivos que temos como equipa, e o 60.º hat-trick  da minha carreira e muito importante porque nos conquistou três pontos. Muito bem, rapazes, grande esforço de todos. Não vamos desistir, vamos lutar até ao fim!", escreveu na rede social Instagram.

Com esta vitória, por 3-2, o Manchester United iguala o Arsenal (que tem menos um jogo) e fica a três pontos de distância do Tottenham, que conseguiu segurar o quarto lugar, o último que dá acesso à Liga dos Campeões da próxima época, após a derrota do Arsenal frente Southampton por uma bola a zero, também este sábado.

Os ‘gunners’, que alinharam com os portugueses Cédric Soares e Nuno Tavares no ‘onze’, foram surpreendidos no reduto do 12.º classificado, na sequência do golo marcado por Bednarek, aos 44 minutos, e desperdiçaram a oportunidade de igualarem os ‘spurs’, que tinham jogado horas antes.

Assim, a equipa de Manchester, quinta colocada, foi hoje a grande beneficiada da ronda na luta pelo quarto lugar.

Ainda assim, o Arsenal, que fica com os mesmos 54 pontos do Manchester United, tem menos um jogo realizado em relação aos dois principais rivais na corrida pelo último posto de acesso à ‘Champions’ e poderá apanhar o Tottenham, que tem 57, e distanciar-se dos ‘red devils’, caso conseguida vencê-lo.

O próximo confronto do Manchester United será contra o Liverpool.

No outro encontro da Liga inglesa disputado hoje, o Watford, 19.º e penúltimo da tabela, ficou um pouco mais próximo da despromoção ao segundo escalão, ao perder por 2-1 na receção ao Brentford, tranquilo 11.º colocado.

Polícia investiga incidente com Ronaldo

A polícia britânica está a investigar o incidente ocorrido a 9 de abril, quando Ronaldo tirou e atirou ao chão o telemóvel de um adepto após a derrota do Manchester United em casa do Everton.

O episódio aconteceu já a caminho do túnel de acesso aos balneários de Goodison Park. O jogador português foi célere a pedir desculpa e convidou o jovem adepto do Everton a assistir a um jogo em Old Trafford como “sinal de desportivismo”, mas o mal estava feito.

Mais tarde, em entrevista ao jornal britânico Liverpool Echo, a mãe do jovem, Jacob Harding, revelou que este é autista e tem dispraxia. Ao The Telegraph, esta condenou fortemente as ações do número 7 do United, lamentando que não tenha havido um pedido de desculpas pessoal ou uma conversa com o seu filho.

"Se alguém fizesse o que ele fez na rua, era detido e interrogado. Ele próprio é pai; estou certa de que, se fosse uma pessoa normal, que levasse o filho a um jogo de sábado à tarde, e isso acontecesse, também ficaria bastante incomodado e chocado. Perguntei-lhe [ao Jacob]: "Gostavas de ir? O Ronaldo disse que podíamos ir ver o Manchester United". Ele disse: "Não, mãe, nunca mais quero vê-lo". Isso é perturbador, porque o Ronaldo era uma das razões pelas quais ele queria ir ao jogo do United", contou.