"Em Portugal, existe claramente uma lacuna de formação para os vários dirigentes desportivos, porque hoje em dia liderar ou colaborar num clube, mesmo que amador, já não é a mesma coisa de há 20 ou 30 anos", salientou à agência Lusa Pedro Marques Santos, coordenador da pós-graduação.

Para o responsável, existe atualmente um conjunto de desafios, "independentemente de se estar a falar de uma Sociedade Anónima Desportiva, uma organização profissional ou uma organização amadora", nomeadamente ao nível do financiamento, marketing, planeamento, comunicação e recursos humanos.

"A exigência à volta dos clubes - em particular das equipas de futebol - é cada vez maior. Um dos grandes desafios do sucesso desportivo passa não só por dotar os clubes com atletas e equipas técnicas capazes de alcançarem bons resultados, mas também por construir uma estrutura profissional que saiba enquadrar a atividade desportiva", referiu.

Em qualquer modalidade desportiva "há uma exigência maior a todos os níveis para que os atletas sejam autênticas máquinas de produção e rendimento e às pessoas que os treinam também se exige um conjunto de requisitos, nomeadamente formação e certificação", sustenta Pedro Marques Santos.

"Ao dirigente desportivo, que por acaso está na tomada das decisões das organizações desportivas, não se tem exigido nada", frisa o coordenador do curso, que é também diretor técnico da formação da Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol.

Salientando que a "esmagadora" maioria dos dirigentes desportivos em Portugal é amadora, Pedro Marques Santos considera que existe uma "necessidade reconhecida por todos" de formação e que é necessário trabalhar para aumentar a qualificação dos decisores.

Segundo o coordenador da pós-graduação em "Gestão do Desporto para Dirigentes", a permanente insustentabilidade financeira ou os fenómenos cíclicos de crises ligadas à verdade desportiva ou à violência são fruto da falta de competências e formação dos dirigentes desportivos.

"Na origem de questões nefastas para o desporto que surgem diariamente, não são os jogadores ou treinadores que são os protagonistas, mas sim, claramente, os dirigentes desportivos", sublinhou.

O árbitro internacional Artur Soares Dias, Fernando Parente, vice-presidente do Braga, Miguel Ribeiro, diretor-geral do Rio Ave, Dimas Pinto, presidente da Associação Portuguesa de Gestão do Desporto, ou Marco Carvalho, diretor de Comunicação do Rio Ave, são alguns dos docentes da pós-graduação em "Gestão do Desporto para Dirigentes".

Paralelamente à gestão, a legislação e os principais regulamentos aplicados ao desporto ocupam módulos importantes do curso, juntamente com a arbitragem, ética desportiva, psicologia, gestão de recursos humanos ou comunicação e marketing.

O curso arranca entre a segunda e terceira semana de junho, disponibilizando um total de 20 vagas.