“O ferro é hoje mais integral para a economia global que qualquer outra matéria-prima. O objetivo até ao final de 2020 passa por uma produção de 300 mil toneladas de agregado de ferro com a maquinaria já contratualizada”, concretizou o presidente do conselho de administração da Aethel Mining, Ricardo Santos Silva.
Segundo o empresário, a retoma dos trabalhos para a exploração de agregado, interrompidos em março, está agendada para o início de julho, após a paragem forçada devido aos efeitos da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
A empresa prevê produção de duas mil toneladas de agregado de ferro por dia, naquele depósito situado no concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.
“Já temos encomendas de agregado de ferro para países como Espanha, França, Bélgica e Holanda e contactos a bom ritmo para os Emirados Árabes Unidos “, explicou o empresário à Lusa.
O transporte da matéria-prima será efetuado de camião até à estação do Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) e seguirá de comboio até ao porto de Leixões (Matosinhos). Contudo, portos de mar como os de Aveiro e Sines (Setúbal) também estão nas opções da empresa.
“O transporte de agregado de ferro será feito por comboio, duas vezes ao dia, com destino ao porto de Leixões e depois seguirá por via marítima para os países destinatários, pelo menos, por um período inicial de cinco anos”, frisou Ricardo Santos Silva.
Aethel Mining “batizou” a matéria-prima extraída do sítio da Cascalheira da Mua, na União de Freguesias de Felgar e Souto da Velha, no concelho de Moncorvo com o nome comercial de “muadense”.
“O ‘muadense’ é um agregado de ferro que com o dobro do peso de outros materiais convencionais e que serve para a construção de molhes, quebra mares outros atras estruturas de grande envergadura”, explicou o empresário.
Ricardo Santos Silva disse que o “muadense” é produto natural que não contamina o meio ambiente.
“Devido às alterações climáticas é a consequente subida da água do mar este produto torna-se atrativo para os países do norte da Europa”, vincou.
A Aethel destaca ainda que o seu projeto para Moncorvo se “diferencia” do de todos os seus pares pelo “pleno uso da sua visão de sustentabilidade e sensibilidade ambiental”.
“Nos próximo cinco anos o objetivo da Aethel Mining é atingir o objetivo de carbono zero”, frisou o responsável pela extração mineira em Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.
No início de novembro de 2019, a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) autorizou o “controlo da mina” de ferro de Torre de Moncorvo pela Aethel Mining, empresa que espera colocar Portugal numa “posição de liderança na mineração europeia”.
A Aethel Partners é uma “empresa britânica detida exclusivamente” pelo português Ricardo Santos Silva e a americana Aba Schubert, “recebeu aprovação da DGEG para assumir o controlo da mina de Moncorvo”, um “depósito de minério de ferro muito significativo no coração da Europa”.
As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região do Nordeste Transmontano, na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.
A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.
Após 37 de abandono, a atividade mineira está de regresso ao concelho de Torre de Moncorvo pela iniciava da Aethel Mining, com um investimento previsto de 550 milhões de euros, para os próximos 60 anos.
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