Ponto prévio: os profissionais de futebol profissional apreciam auferir ordenados. Sim, eu sei – isto pode ser chocante, mas é a mais pura das verdades. Os futebolistas levam para casa honorários e, em alguns casos, podem mesmo chegar a ser avultados. Compreendo a indignação perante esta realidade injusta, mas a verdade é que profissionais com características e competências únicas de uma indústria que movimenta milhares de milhões, da qual são os principais protagonistas, recebem algumas centenas de milhar na conta todos os meses. Absurdo!

Posto isto, resta dizer que o valor nominal e as cláusulas contratuais do novo acordo firmado entre o Benfica e o empregado-de-quase-todos-os-meses, Jonas Gonçalves, não me interessam. Não me interessam porque Jonas não se mede pelo ordenado atual, uma vez que em princípio ficaremos sempre em dívida para com o brasileiro. Por outro lado, não é que fosse ilegal que houvesse jogadores no plantel que recebessem mais do que o jogador mais decisivo que a minha geração viu jogar no clube, mas era no mínimo constrangedor.

Temos de ter noção de que Jonas, no primeiro toque na bola que deu, no primeiro jogo do Benfica, fez um cabrito ao adversário. A primeira ação de Chucky Ferreyra num jogo oficial foi falhar uma grande penalidade. Por muito que deseje toda a sorte do Mundo ao argentino (e que supere todas as marcas do brasileiro), compreendo que Jonas, na sua humildade patente, peça o favor de ser valorizado.

Para mim, não importa aqui o valor futuro do jogador. Neste caso, interessa o valor passado. Interessam, para já, os 122 golos marcados com a camisola do Benfica. E nem sequer é uma questão de gratidão, como se poderá alegar nas já-menos-desportivamente-pertinentes renovações de Luisão. Jonas ainda não fez nenhuma época em que demonstrasse ser um encargo para o clube. Pelo contrário, não houve uma que passasse de águia ao peito sem ser absolutamente fulcral.

Nestas alturas, em que os jornais falam de discordâncias entre clube e jogador, muitas vezes com o dinheiro como motivo, adeptos apressam-se a utilizar o mote “zero ídolos”. Para mim, essa é uma posição de quem não gosta de gostar de futebol. Quem tem “zero ídolos” tem pânico de se apaixonar. Quem tem “zero ídolos” não ama pelo medo de ser traído.

Recomendações

Esta tour de stand-up