Zelensky, nesta ligação com Portugal, surgiu enérgico a reclamar o fornecimento de “armamento militar pesado”, foi comovente a denunciar as brutalidades dos ocupantes que “mataram só para se divertir, torturaram, violaram”, apareceu como parceiro a pedir o apoio e influência de Portugal “no caminho da Ucrânia para a União Europeia”.
Em cada país para onde discursa Zelensky usa sempre uma referência que toca a sensibilidade do destinatário: na ligação ao parlamento alemão foi a queda do Muro de Berlim; na sessão para o Congresso dos EUA evocou as infâmias, o 11 de Setembro e Pearl Harbor; nas Cortes de Espanha, desagradou a alguma direita ao evocar a destruição de Guernica, bombardeada pela aviação alemã e italiana; em Portugal saudou o triunfo da liberdade sobre a ditadura em 25 de Abril. Comparou Mariupol com a cidade de Lisboa e do Porto, aquela cidade portuária da Ucrânia tinha o dobro das pessoas, agora tudo é ruínas.
Com a casa dos representantes do povo de Portugal a abarrotar no hemiciclo e nas galerias, deram mais nas vistas os lugares vazios dos seis deputados do PCP – é difícil encontrar explicação racional para o facto de os eleitos pelo PCP escolherem, num caso em que tudo é tão óbvio, o lado o que nos aparece como o lado errado da história. Desejar a paz não pode significar deixar o invasor avançar.
Apesar de ausente da sessão, o PCP ouviu o que disse Zelensky e considera “um insulto” que o presidente da Ucrânia tenha comparado o 25 de Abril português com a libertação da Ucrânia.
O PCP ficou sozinho, de fora do raro consenso parlamentar.
Muitos dos deputados anfitriões e muitos dos convidados do parlamento português, usaram no vestuário as cores azul e amarela da bandeira da Ucrânia. Todos ouviram Zelensky em silêncio absoluto. No final, todos aclamaram de pé o presidente-herói da Ucrânia, que se despediu com “Glória à Ucrânia” e “obrigado”.
Foi uma sessão com mais sentimento do que política.
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